158 views 3 mins

Intenção de Consumo das Famílias: o menor nível da série histórica

em Economia
quarta-feira, 05 de janeiro de 2022

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou queda de 0,8%, considerando o ajuste sazonal e alcançando 74,4 pontos em dezembro. Apesar de ter ficado abaixo do nível de satisfação (100 pontos), o indicador, apurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), registrou a maior pontuação desde maio de 2020 (81,7 pontos). Com esse resultado, o ICF encerrou o ano com retração de 9,9% e uma média de 71,6 pontos, o menor nível da série histórica iniciada em 2010.

A redução, no entanto, foi menor do que a observada em 2020 (-15,9%). Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, os números reforçam a moderação das famílias em consumir. “O ano de 2020 apresentou grandes obstáculos para o consumo. Já 2021 foi marcado pela incerteza e consequências das medidas do ano anterior. Os consumidores enxergaram uma recuperação gradual e desaceleraram a cautela, mas ela permanece”, observa.

Na avaliação por faixa de renda, as famílias com orçamento acima de dez salários mínimos revelaram nível de insatisfação de 86,9 pontos no ano, com recuo de 5,0%. Já para as famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, o indicador atingiu 68,4 pontos, demonstrando uma queda mais intensa, de 11,2%. Esse perfil de retração também foi observado no ano anterior, entretanto com uma discrepância menor entre as categorias analisadas.

O item Acesso ao Crédito teve queda de 7,0% em 2021, enquanto no ano anterior a retração foi de apenas 0,1%. Para a economista responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, essa variação pode ser explicada pelo aumento da taxa Selic ao longo de 2021. “A inflação é um dos fatores que dificultam a recuperação econômica, pois reduz o poder de compra. Além de levar a um aumento dos juros, o que encarece o crédito, que é um artifício utilizado pelos consumidores para aumentar renda e manter o padrão de consumo”, afirmou.

Segundo Catarina, o impacto pôde ser percebido no item Renda Atual, com 40,6% das famílias considerando a situação em 2021 pior do que em 2020. Por outro lado, os principais destaques positivos foram componentes relacionados ao mercado de trabalho: Emprego Atual e Perspectiva Profissional, apresentando 89,3 e 83,3 pontos, respectivamente. Contudo, mesmo registrando os melhores indicadores, os itens também contaram com retrações (Gecom/CNC).