O volume de vendas no comércio varejista brasileiro recuou 1% em junho, na comparação com o mês anterior, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE. Esse resultado não apenas interrompeu uma sequência de cinco meses de avanço nas vendas mensais no comércio varejista, mas também significou o pior desempenho das vendas no setor desde dezembro de 2022, quando a queda foi de 1,3%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve avanço de 4%, o 13º consecutivo nessa base comparativa.
Com esse resultado, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) revisou para baixo a perspectiva para 2024, indo de 2,2% para 2,1%. “O aumento dos preços dos alimentos certamente terá um impacto significativo, ajustando as expectativas de inflação e juros para o segundo semestre”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “Mesmo que tenhamos diminuído a perspectiva de crescimento, por conta dessa nova realidade econômica, ainda acreditamos que o saldo será positivo ao fim do ano”, pontua.
A variação negativa do volume de vendas foi influenciada pelo fraco desempenho dos ramos de utilidades domésticas (com queda de 1,8%) e, principalmente, hiper e supermercados (em que a redução foi de 2,1%). Este último segmento responde por quase metade das vendas no varejo no conceito restrito, que exclui comércio automotivo e lojas de materiais de construção.
“A inflação de alimentos tem se destacado no IPCA, ao longo de 2024, com alimentação e bebidas acumulando alta de 4,71% no primeiro semestre do ano. Isso é significativamente acima do índice cheio, que foi de 2,48%”, analisa o economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes. “Os reajustes de preços de alimentos e bebidas responderam por 40% da variação da inflação na primeira metade do ano”, avalia (Gecom/CNC).