Três em cada dez famílias brasileiras estão endividadas, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Além disso, com a taxa básica de juros (Selic) a 13,75%, os juros estão altos. Tendo em vista ainda a instabilidade econômica e o cenário eleitoral, essa é uma boa hora para contrair empréstimos?
Segundo o coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Ahmed El Khatib, quem está pensando em pegar dinheiro emprestado deve seguir algumas dicas: reflita se, de fato, você precisa do dinheiro; escolha uma taxa mais vantajosa do que em bancos comerciais grandes (microcrédito e consignado, por exemplo); e elabore um plano de pagamento da dívida nova.
“No início de agosto a Selic sofreu uma elevação para 13,75% ao ano. Como essa taxa é levada em conta para calcular a taxa de juros dos empréstimos e outras operações, é esperado um aumento das taxas que são cobradas aos clientes no momento de realizar qualquer operação de crédito, muito embora esse efeito não seja percebido de imediato.
As taxas de juros das operações de crédito (empréstimos bancários, por exemplo) não mudam na mesma proporção que a taxa de referência e, neste momento de inflação alta e instabilidade política, fiscal e econômica, o microcrédito surge como uma opção mais barata para quem quer contrair um empréstimo”, diz o professor.
Entretanto, apesar de taxas mais vantajosas, ainda há incidência de juros. Com isso, captar ou não captar um empréstimo depende muito da finalidade desse dinheiro, isto é, se os recursos serão utilizados para custear algo essencial ou supérfluo. Caso não se tenha escolha, é sempre recomendado recorrer a empréstimos pessoais, microcrédito ou consignado, que têm taxas, historicamente, muito menores.
Ainda assim, o especialista recomenda checar se o empréstimo ou financiamento será usado para algo realmente necessário e urgente, pois em qualquer empréstimo (incluindo microcrédito) haverá incidência de juros e outros custos financeiros. Por conta do cenário nebuloso, Ahmed acredita que seja indiferente tomar um empréstimo agora ou adiar (caso seja, de fato essencial e urgente) para 2023.
O cenário em 2022 (a pouco mais de 3 meses do final do ano), está bastante adverso, porque tem componentes domésticos e externos bem fortes que causarão instabilidade na economia em 2023 conjugados com o processo eleitoral que está em curso. Por exemplo, para o mercado, é indiferente se presidente A (situação) ou B (oposição) vencerá em outubro.
O que importa mesmo é quem será o novo Ministro da Economia, como será montada a equipe de governo e econômica etc. E isso, até o momento não foi definido, ou seja, estamos navegando numa noite escura e sem instrumentos. Portanto, qualquer previsão otimista em relação a taxa de juros de empréstimos ou de microfinanciamentos seria muito prematura.
Além disso, segundo o especialista, existe uma grande chance de termos um quadro recessivo em 2023, em meio à derrocada fiscal e das instituições fiscais que estão levando o juro neutro para 4%, em termos reais. “Se isso for verdade, pode ser que a Selic tenha que ficar mais alta por bem mais tempo, o que acarreta mais desaceleração econômica e um ambiente desfavorável para captação de novos empréstimos, ainda que com taxas de juros menores”, finaliza. – Fonte e mais informações: (https://www.fecap.br/).