Em 2020, o número de brasileiros vivendo em Portugal bateu o recorde e atingiu mais de 180 mil residentes, o que representa quase 28% dos estrangeiros no país, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). E a tendência é que esse número aumente ainda mais. Isso porque existe uma estimativa de que mais de 30 milhões de pessoas no Brasil descendem de judeus e não sabem ou, ainda, não comprovaram que têm direito à cidadania.
“São os chamados cristãos-novos, famílias que foram obrigadas a se converter ao cristianismo no período da Inquisição”, explica o advogado israelense Itay Mor, fundador do Clube do Passaporte, empresa especializada no assunto e com sede no Brasil e que, desde 2017, já auxiliou milhares de pessoas no processo de cidadania.
Sobrenomes como Oliveira, Pereira, Mendes, Costa, Correia, Fernandes, Rodrigues, Santos, Silva, Fonseca e muitos outros são passíveis de terem origem judaica e, dessa forma, podem ser elegíveis para a nacionalidade portuguesa.
“Alguns dados apontam que os judeus chegaram a representar 20% da totalidade da população portuguesa. Na época colonial, a maioria desses novos cristãos migraram para o Brasil”, conta Mor. De acordo com a atual lei portuguesa, qualquer descendente judeu da época da Inquisição, independentemente se este tenha se convertido ao cristianismo ou conseguido fugir para outros países, tem direito à cidadania. A comprovação de ascendência, no entanto, pode ser uma tarefa não muito fácil para quem não manteve os laços com a comunidade judaica.
“Por isso, cada vez mais brasileiros têm nos procurado e temos tido muito sucesso na comprovação nos processos, visto que a nossa pesquisa é realizada por genealogistas especializados, de forma muito aprofundada e pode chegar até a 15ª geração. Além do direito à cidadania, gera-se um estudo genealógico familiar fantástico!”, afirma Gabriel Ezra Mizrahi, sócio e cofundador do Clube do Passaporte no Brasil.
Mais de quinhentos anos após seus antepassados serem expulsos, existe uma movimentação crescente de descendentes judeus voltando para Portugal. Os judeus chamados sefarditas são oriundos da Península Ibérica, foram perseguidos sistematicamente pela Inquisição, e, assim, se espalharam pelo mundo, mas principalmente pelas Américas. Em 2015, Espanha e Portugal aprovaram leis para reparar a história e devolver a nacionalidade aos descendentes dos cidadãos expulsos.
Desde a mudança, mais de 200 mil descendentes dos judeus sefarditas já pediram o passaporte luso. O Brasil é o país com o terceiro maior grupo de candidatos, número que pode ser ainda maior. Em 2020, segundo o SEF ainda, a justificativa de ascendência sefardita foi a mais usada entre todos os pedidos de cidadania.
Foi atrás das oportunidades que Portugal tinha a oferecer que Itay Mor tirou sua cidadania lusitana em 2016.
Com a experiência, ele resolveu abrir um escritório que auxiliasse descendentes judeus e investidores durante o processo. Assim nasceu o Clube do Passaporte, com sede em Israel, Portugal e no Brasil, que tem ajudado cada vez mais brasileiros no sonho de emigrar e na conquista de um passaporte europeu. “Este é o momento de Portugal, um país seguro para morar, que tem uma cultura vibrante, uma economia que cresce a olhos vistos, que integra a União Europeia e oferece oportunidades únicas de negócios”, destaca.
Além de fazer justiça, Portugal também procurava medidas de crescimento econômico quando mudou suas leis de cidadania. E conseguiu. Após superar uma grave crise, 2017 ficou conhecido como o ano do milagre econômico lusitano. E uma das ações que ajudou a dinamizar a economia foi o Golden Visa, programa que oferece visto de residência a investidores estrangeiros.
Nessa modalidade, para ser elegível, é necessário cumprir certas exigências. A mais popular é a compra de um imóvel que pode variar entre 250 mil e 500 mil euros no país. Os brasileiros são o segundo grupo que mais obtêm esse tipo de visto. – Fonte e mais informações: (www.clubedopassaporte.com.br).