Lúcio Leite (*)
A pandemia se mostrou um grande catalisador para as empresas do mundo todo, independente do segmento, se atentarem aos benefícios da nuvem.
O que antes era algo que estava nos planos futuros de muitas companhias – se é que estava -, a adoção do cloud computing precisou ser feita às pressas, em poucos meses, e em larga escala, mesmo que fossem apenas algumas ferramentas para garantir a continuidade dos negócios, como o acesso a dados de maneira remota impulsionado pelo home-office, por exemplo.
No setor de Varejo, o impacto da covid-19 foi um dos mais profundos sentidos pelo mercado. O distanciamento social, a queda do poder de compra, entre outros fatores, fez com que os varejistas encontrassem na nuvem a solução para poderem continuar vivos, em um período cheio de incertezas.
Nesse cenário, a digitalização – para quem adotou no começo da pandemia -, trouxe flexibilidade para as operações cotidianas, escalonamento dos processos de negócios, em especial nas vendas on-line que exigem ambientes de Tecnologia da Informação (TI) robustos para dar conta do volume de dados processados, além de redução de custos e aumento de eficiência.
Embora a necessidade tenha acelerado a adoção deste conceito, o conhecimento dos gestores sobre essa tecnologia ainda não alcançou um grau satisfatório. Isso porque muitos, desde pequenas e médias até grandes empresas, ainda consideram a implantação de uma única ferramenta, solução ou banco de dados digitalizado, como dever cumprido. Mas não é assim. Quando falamos de ir para a nuvem, falamos de levar para esse ambiente as principais aplicações do negócio e máquinas de um datacenter.
O bom sinal é que o mindset geral desse setor parece estar com a chave virada para a nuvem, o que significa ganhos de competitividade em todo o segmento nacional, maior estabilidade nos processos do dia a dia e uma aplicação de inteligência muito maior nas tomadas de decisão, já que essa tecnologia permite lançar mão de funcionalidades e recursos que ela já traz integrados, como Machine Learning, Inteligência Artificial (IA), Big Data, Analytics, entre outras.
Mas antes de se aventurar no mundo da nuvem, é preciso levar em consideração a segurança dos dados, uma vez que o Varejo envolve informações pessoais e financeiras dos clientes, que são altamente críticas e que, no caso de um vazamento ou roubo, podem ocasionar em grandes prejuízos, tanto financeiro como de imagem dos negócios.
Situação ainda mais complicada quando levamos em conta a LGPD, que pune as empresas que não cuidarem bem dos dados de terceiros, como clientes, parceiros e fornecedores. Para ajudar a esclarecer a jornada dos varejistas rumo à nuvem, coloco aqui alguns pontos que podem ajudar a garantir uma transição mais segura e tranquila do on premise ao mundo digital:
. – Mudança de Mindset – Em muitos casos, a decisão de ir ou não para a nuvem, está diretamente ligada a mudança de pensamento da empresa. Aqui, é importante destacar não somente dos times de TI, mas também, a liderança das empresas. Por isso, é fundamental avaliar o grau de maturidade tecnológica da organização, bem como, entender seus objetivos de negócio.
Toda e qualquer tecnologia deve ser vista como um meio para resolver os problemas. Afinal, não se pode mais pensar em escalar um negócio, falar de experiência do cliente, desenvolver a inteligência de dados e melhorar a eficiência operacional, sem colocar a tecnologia no centro da estratégia.
. – Parceiro Ideal – A escolha de um bom parceiro, é outro ponto de extrema importância para obter sucesso na migração para o cloud computing. Ter um parceiro que consiga olhar o todo do negócio é meio caminho andado.
Muitos provedores de serviços já nasceram neste mundo digital e acabam por desconhecer detalhes do mundo “on premisses”, ou simplesmente fazem as alocações e cobranças de recursos na nuvem, sem que seja possível prover serviços de valor agregado.
Aqui é muito importante que o parceiro escolhido tenha um DNA de serviços e, preferencialmente, conheça bem os dois mundos – on premisses vs. cloud – para que se tenha o cenário mais adequado aos objetivos do negócio e, também, um projeto limpo e escalável.
A escolha da solução de cloud não pode ser vista como “nuvem pela nuvem”, mas, sim, como ela se integra as demais soluções adotadas, como ela pode prover maior inteligência ao negócio e gerar maior segurança. A pandemia trouxe à tona diversos problemas vividos pelas empresas de uma forma geral. Some-se a isso, ao momento de insegurança cibernética que o Varejo tem vivido, com ataques hackers sendo realizados contra até mesmo grandes empresas do setor.
Acredito que ainda falta aprimorar o mindset dos gestores varejistas e, talvez, um maior conhecimento sobre a tecnologia em si. Outro ponto a destacar é a confiança em um parceiro de tecnologia que detém um amplo conhecimento, faz altos investimentos em capacitação e possui uma chancela de mercado que o credencie como uma empresa robusta a trabalhar a demanda como um todo.
A ida para nuvem no setor de Varejo é um caminho sem volta e, em muitos casos, apenas uma questão de tempo.
Se olharmos para o que aconteceu na pandemia, fica evidente que aquelas empresas que iniciaram as suas respectivas jornadas de transformação digital antes da pandemia, são aquelas que estão saindo melhores do que entraram, por isso, não fique de fora e explore todos os benefícios que essa tecnologia pode agregar para o seu negócio.
(*) – É diretor de Transformação Digital e Varejo da Teltec Solutions, e diretor institucional do Ibevar (https://teltecsolutions.com.br/).