Os programas de trainee têm ganhado destaque no Brasil como uma via promissora para o desenvolvimento de futuros gestores e líderes corporativos. Segundo o professor Marcelo Treff, especialista em gestão de carreira e professor de Gestão de Pessoas da FECAP, esses programas são uma ferramenta estratégica para empresas que buscam atrair e formar talentos em início de carreira.
“O conceito dos programas de trainee surgiu nos Estados Unidos no século passado, com o objetivo de formar gestores que se alinhassem aos valores e à cultura corporativa”, explica Treff. No Brasil, esses programas têm evoluído para se adequar às necessidades locais, incorporando rotinas de capacitação, mentoria e até rotações por diferentes áreas da empresa.
Os programas de trainee no Brasil são voltados principalmente para jovens recém-formados ou que estão no fim de uma graduação. Eles são uma das melhores portas de entrada para jovens profissionais no Brasil. Consistem em uma jornada que pode durar de um a três anos, onde os participantes são expostos a diferentes áreas e projetos estratégicos da empresa.
Com oportunidades que vão além da formação técnica, esses programas preparam futuros líderes e gestores, contribuindo para o desenvolvimento de carreiras e para o fortalecimento das organizações que os promovem. “O objetivo é preparar esses jovens para assumirem posições de liderança no futuro, por meio de uma formação prática que abrange diferentes setores da organização”, comenta o docente da FECAP.
Além de mentorias e capacitações, muitos programas oferecem o chamado job rotation, que permite ao trainee vivenciar diferentes funções e entender de maneira sistêmica o funcionamento da empresa. Desta forma, o trainee tem uma visão ampla do negócio; e a empresa forma profissionais que entendam a cultura organizacional e estejam prontos para liderar.
Para as empresas, os programas de trainee trazem várias vantagens. “As companhias podem moldar gestores de acordo com suas necessidades e valores, além de incentivar a inovação ao trazer jovens com novas ideias para dentro da organização”, afirma Treff. Além disso, o engajamento e a fidelização desses jovens talentos podem resultar em uma força de trabalho mais alinhada às metas da empresa, o que reduz a necessidade de contratações externas para cargos de liderança.
Para os candidatos, o principal atrativo é a aceleração da carreira. “Os programas de trainee não só preparam os jovens para cargos de liderança, mas também oferecem remuneração atrativa e status dentro e fora da organização”, destaca o especialista. Tradicionalmente, empresas multinacionais e grandes corporações brasileiras lideram a oferta de programas de trainee.
Contudo, setores como varejo, telecomunicações, energia, tecnologia e e-commerce têm ampliado essa prática. “Esses programas são uma forma de atrair e reter talentos em mercados altamente competitivos”, explica Treff.
Outro dado relevante é o crescente número de empresas que têm adotado programas de trainee com foco em diversidade racial.
Segundo um levantamento da 99jobs, plataforma de recursos humanos, entre 2018 e 2023, o número de empresas que abriram programas com foco em recorte racial saltou de 7% para 56%. Hoje, cerca de 48% dos aprovados em programas de trainee são jovens negros.
Um estudo da Companhia de Estágios, em parceria com o portal Vida de Trainee, revelou que o salário médio de trainees no Brasil é de R$ 6.050,69, com setores como Tabaco, Instituições Financeiras e Educação liderando as maiores remunerações, com médias de R$ 8.713,00, R$ 8.125,00 e R$ 8.000,00, respectivamente. Para os jovens que almejam ingressar em um programa de trainee, o professor Marcelo Treff oferece algumas dicas valiosas:
“É fundamental que o candidato se informe detalhadamente sobre a empresa e o setor em que ela atua. Além disso, é importante demonstrar autoconhecimento, tanto técnico quanto emocional, e estar preparado para enfrentar uma série de etapas de seleção, que podem incluir testes de raciocínio lógico, dinâmicas de grupo, entrevistas técnicas e comportamentais”.
Participar de projetos sociais, organizações estudantis e ter experiências internacionais também são diferenciais valorizados pelos recrutadores. A preparação cuidadosa para os processos seletivos é essencial, já que as empresas buscam candidatos alinhados à sua cultura e que possam contribuir para o sucesso de longo prazo.