Imagine poder baixar arquivos ou reproduzir vídeos das plataformas de streaming como uma taxa de download máxima de quase dez gigabits por segundo utilizando rede móvel pelo tablet ou celular. Parece filme de ficção, mas esta deve ser a realidade pelo menos para milhares de brasileiros até o final desta década. A velocidade máxima de quase 2 Gbps já foi atingida nos testes de 5G nos EUA, segundo levantamento da empresa de análise móvel Opensignal.
Essa taxa é quase 80 vezes maior que a máxima oferecida atualmente na Europa pela operadora T-Mobile com o 4G: 23,6 Mbps em média. A título de comparação, as cidades com o 4G mais rápido no Brasil entregam hoje uma velocidade média de 17,6 Mbps. Com tantas novidades à vista, é normal ficar em dúvida sobre vários dos aspectos dessa nova tecnologia. Estamos próximos ou distantes? Falta muito para chegar no Brasil? O que vou precisar?
Para responder essas e outras dúvidas comuns sobre a tecnologia, convidamos Marcelo Andrade, diretor comercial da área de telecomunicações na América Latina do Grupo Prysmian, para respondê-las. O Grupo é líder mundial na fabricação de cabos de energia e de telecomunicações, como por exemplo os cabos ópticos essenciais para implementação do 5G.
- O que significa 5G? – A sigla 5G é uma abreviação para a quinta geração das redes móveis, o que obviamente significa uma evolução em relação ao atual padrão de tecnologia 4G. A ideia é entregar velocidades de 50 a 100 vezes maiores que as atuais, com taxas de download que podem chegar a 10 Gbps.
- O que muda para os usuários com o 5G? – A primeira evolução está em downloads e uploads mais velozes, o que aperfeiçoa uma série de hábitos e atividades hoje ainda lentas ou não suficientemente rápidas pelas redes móveis, como os streamings de altíssima qualidade. A segunda é a diminuição significativa da latência, tornando o tempo de resposta quase 10 vezes menor do que é hoje, saltando de 40 milissegundos para apenas quatro.
- O que será possível com o 5G? – É difícil até de estimar. Podemos destacar que um dos setores mais impactados será o de automação, pois o 5G permitirá a integração simultânea de mais aparelhos do que temos hoje com uma velocidade de operação e resposta muito maior. Isso significa que poderemos multiplicar não só o número casas mais inteligentes como também outras atividades remotas em segurança pública, educação e até mesmo cirurgias.
- Quais serão as frequências de transmissão do 5G? – De acordo com o edital do 5G formulado pela Anatel, as operadoras vão disputar em um leilão as faixas de radiofrequência de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. São frequências mais altas dos que as utilizadas pelo 4G atualmente, o que faz elas terem uma capacidade maior de transportar dados, mas com um alcance menor.
- O que muda 5G em termos de infraestrutura? – Será uma mudança radical em termos de estrutura, pois o 5G vai operar numa frequência de ondas mais curtas que o 4G atualmente. Será preciso instalar mais antenas por conta do raio de abrangência menor, além de um cabeamento com fibras ópticas preparadas para lidar com esse aumento muito significativo de banda.
- Como serão os cabos ópticos dos equipamentos e antenas 5G? – A indústria de cabos já possui em portfólio fibras ópticas, como a BendBrightXS do Grupo Prysmian, capazes de operar com as exigências desta tecnologia em cumprimentos de ondas, minimizando os desafios impostos por atenuações e dispersões cromáticas. O Brasil terá um papel fundamental, pois o Grupo Prysmian é o maior fornecedor de fibras da América Latina e todas elas são fabricadas no país por meio das plantas industriais em Sorocaba-SP.
- Quais as maiores dificuldades estruturais para se implementar o 5G? – As mudanças podem mais complicadas de executar em cidades muito adensadas como São Paulo e o Rio de Janeiro, pois já existe uma ‘briga por espaço’ grande entre os cabeamentos, além da necessidade se negociar a implantação de antenas em imóveis ocupados.
Por isso, a tendência – e no caso do Grupo Prysmian, já estamos trabalhando em protótipos do tipo – é que sejam desenvolvidos cabos ópticos cada vez menores, evoluindo no que já se têm em microcabos, além de cabos híbridos de telecomunicações e energia para reduzir o impacto do cabeamento 5G nas cidades mais adensadas.
- É verdade que haverá interferência em antenas parabólicas? – Sim, por conta da operação na faixa de 3,5 GHz, quem faturar a operação nessa frequência terá de bancar a instalação de filtros nestas antenas e compensar as empresas de satélite que terão de migrar para faixas superiores a 3,7 GHz. É um custo considerável – pode passar de
R$ 1 bilhão –, mas é um tipo de antena mais comum em áreas remotas, ou seja, não tende a ser um fator limitante à implementação em grandes cidades. - Quando ocorrerá o leilão do 5G e por que ele tem sido adiado? – Havia a estimativa de realizá-lo em novembro, mas a tendência é que fique para o primeiro semestre de 2021. A pandemia do novo coronavírus impactou significativamente a capacidade investimento público e privado, o que jogaria para baixo a previsão inicial da Anatel de captar R$ 20 bilhões com esse leilão, certamente o maior da história. Além disso, há componentes políticos e econômicos em jogo, pois a disputa para fornecer equipamentos 5G coloca no campo de batalha fornecedores americanos, europeus, chineses, entre outros.
- Quando devemos ter o 5G funcionando no Brasil? – Tudo depende de quanto o leilão será realizado e qual o tamanho do rombo deixado pela pandemia na economia – já sabemos de antemão que não será pequeno. Além disso, as operadoras ainda precisam recuperar o investimento realizado para implementar o 4G, que ainda não chegou a todas a cidades brasileiras – mais de 1000 ainda não tem essa cobertura.
O início tende a ser mais regionalizado, por bairros por exemplo, então podemos estimar que alguns usuários comecem a desfrutar dessa tecnologia por volta de 2025 e dali, imaginamos uma massificação de usuários até 2035.
Fonte e mais Informações (https://br.prysmiangroup.com/).