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Tarifa zero aumenta número de passageiros e necessidade de mais ônibus

em Destaques
domingo, 05 de maio de 2024

Um estudo produzido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) destaca um aumento significativo no uso do transporte público, após a implementação da tarifa zero. A pesquisa, em uma amostra de 12 cidades brasileiras, indica que todas as cidades registraram aumento da demanda por viagens de ônibus, que variou de 33% a 371%, após a adoção da tarifa zero.

O estudo indica ainda que a tarifa zero vem sendo adotada por cidades pequenas: 71% das cidades brasileiras que implementaram a tarifa zero no transporte público possuem menos de 50 mil habitantes. No total, 124 municípios adotaram essa política, com 106 (85,5%) aplicando-a de forma universal, em todas as linhas e em todos os dias da semana.

Francisco Christovam, diretor executivo da NTU, avalia que “a tarifa zero promove uma maior mobilidade e acessibilidade, facilitando deslocamentos para as atividades essenciais no ambiente urbano, em diferentes horários do dia, não só em horário de pico. Por outro lado, tarifa zero significa o subsídio de 100% da operação por parte das prefeituras, o que complica muito sua implementação em centros urbanos médios ou grandes, devido aos custos que, muitas vezes, o município sozinho não é capaz de suportar”.

O maior crescimento da demanda foi registrado na cidade de Caucaia (CE), que viu o número de passageiros quase quintuplicar com a tarifa zero: o sistema local transportava 510 mil passageiros por mês, em agosto de 2021, e passou a transportar 2,4 milhões de passageiros, mensalmente, em setembro de 2023, um aumento de 371% em um período de apenas dois anos. Caucaia é também a maior cidade brasileira que adotou a tarifa zero, com mais de 355 mil habitantes.

Outras cidades que registraram crescimento expressivo no número de passageiros foram São Caetano do Sul (SP), com crescimento de 218%, em 4 meses; Luziânia (GO), com um aumento de 202%, em apenas dois meses; e Ibirité (MG), com aumento de 106% na demanda, em um período de 3 meses. Maricá (RJ), que adota a tarifa zero há nove anos, registrou um crescimento de 144% na demanda, somente no período de fevereiro de 2021 a setembro de 2023.

Tais números exemplificam a mudança drástica no comportamento dos usuários e no perfil das viagens, que estão optando mais pelo transporte público, a partir do benefício. Além de revelar o aumento na demanda, a pesquisa também aponta para a necessidade de expansão na oferta de ônibus. Sete cidades apresentaram um crescimento na quantidade de passageiros maior que o aumento da quantidade de ônibus e viagens ofertadas, ou seja, demonstrando uma possível mudança no perfil das viagens e um aumento na produtividade da rede de transporte.

Na amostra analisada para o quesito oferta, apenas a cidade de Cianorte/PR não tinha ampliado, até janeiro de 2023, sua frota após a adoção da tarifa zero. Proporcionalmente, os acréscimos mais expressivos aconteceram nas cidades de Aquiraz (CE) e Cacoal (RO), que tiveram que quadruplicar sua oferta de ônibus, para atender ao aumento da demanda (Aquiraz subiu de dois para oito ônibus, e Cacoal foi de um para quatro). Já no caso de Caucaia, a frota cresceu 46% nos últimos dois anos, passando de 48 para 70 veículos.

“Esse aumento da demanda precisa ser considerado pela prefeitura que planeja adotar a tarifa zero. Não basta ter recursos para cobrir o custo atual, é preciso avaliar a necessidade de aumento da frota e definir fontes permanentes de recursos, para que a tarifa zero tenha sustentação”, completou Christovam. De acordo com o levantamento, é possível identificar que a adoção da tarifa zero nos municípios brasileiros cresceu impulsionada pelas circunstâncias da pandemia da Covid-19.

Das 106 cidades onde a tarifa zero é universal, isto é, em todo o sistema de transporte público por ônibus, durante todos os dias da semana, 89 (71,8%) implementaram o benefício nos últimos quatro anos. – Fonte e mais informações: (https://www.ntu.org.br).