A proposta recém-divulgada pela campanha de Jair Bolsonaro, de criar o chamado “superministério”, englobando os ministérios da Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio e Secretaria-Geral, foi criticado pelo economista Gustavo Franco, coordenador econômico do programa de João Amoêdo (Novo).
“Não sei se é a melhor solução administrativamente, pois o titular deste ministério pode ter responsabilidades em demasia”, disse o economista.
“Ter abaixo de si de 25 a 30 secretarias é demais. Esse troço de consolidar ministérios é uma falsa solução de economia administrativa e eficiência, se não mexer no que está abaixo dos ministérios”, afirmou.
Franco reconhece que, em alguns casos, pode fazer sentido aglutinar ministérios. “Porém, existem separações que fazem muito sentido, especialmente quando pensamos no Orçamento e Tesouro Nacional”, comentou. O economista participou ontem (16), de sabatina realizada pelo Grupo Estado em parceria com o Ibre/FGV.
Franco disse ainda que gostaria da permanência do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, à frente da autarquia para inaugurar o regime de mandato escalonado da diretoria da autoridade monetária. “Gostaria que Ilan permanecesse para inaugurar esta mecânica”, afirmou. Afirmou ainda ver necessidade de se fortalecer o tripé macroeconômico. Na sua avaliação, será preciso reconstruir o pilar do superávit primário no tripé, pois, o pilar do câmbio flutuante acabou sendo ‘distorcido’ nos últimos anos. “O acúmulo de reservas enfraqueceu o pilar do câmbio flutuante. Ou se mantém o câmbio flutuante ou se acumula reservas”, disse.
Franco também discorreu sobre os aumentos recentes do funcionalismo público. Para ele, tem cargos na esfera pública com salários fora da realidade brasileira, que superam os salários de altos cargos da iniciativa privada. “Os funcionários públicos são brasileiros como nós e, por isso, os privilégios precisam ser revistos”, afirmou (AE).