Setor de microcrédito tem papel fundamental na oferta e ampliação de crédito
Carlos Eduardo Navarro Ribeiro (*)
A dificuldades em conseguir crédito para suas empresas, muitas vezes leva os pequenos empreendedores a recorrer ao empréstimo pessoal. No setor financeiro tradicional, a liberação de capital requer uma série de documentos e burocracia, o que cria inúmeros obstáculos para esses empresários. Considerando esse panorama, o setor de microcrédito tem papel relevante na concessão de crédito com um processo de contratação ágil, simples e viável para diferentes perfis.
No entanto, os microempreendedores devem manter separadas as contas da empresa e da pessoa física, uma regra importante a ser seguida desde o primeiro dia em que decidem criar o próprio negócio. Um balanço de 2022 realizado pelo Sebrae aponta que 61% dos pequenos empreendedores precisaram recorrer ao empréstimo pessoal para socorrer o caixa da empresa. Segundo o levantamento, a dificuldade em aprovar crédito para a empresa impactou 84% dos donos de pequenos negócios.
Essa situação impacta milhões de pessoas em nosso país, onde catorze milhões de trabalhadores são microempreendedores individuais. O empreendedorismo é uma das alavancas da economia brasileira e, nesse sentido, as empresas de microcrédito atuam para viabilizar e fomentar alternativas e condições que permitam acesso ao crédito de maneira descomplicada.
A importância desse setor fica ainda mais evidente nos períodos de recessão, em que os milhões de brasileiros desempregados encontram nos pequenos negócios a única maneira de conseguir renda. No Brasil e mundo afora, os empreendedores foram responsáveis por inúmeras transformações sociais. As startups revolucionaram, por meio de aplicativos por exemplo, a maneira como nos locomovemos, viajamos, fazemos compras, pedimos refeições, acessamos serviços de saúde e bancários, apenas para citar alguns exemplos.
Além da busca de crédito para seus negócios, outro desafio é conseguir manter separadas as contas, principalmente em situações em que não conseguem capital para suas empresas. Os dados do Sebrae representam um recorde de uma série histórica que teve início em 2013 e, pela primeira vez, indicou que a proporção de empréstimos para pessoas físicas superou os concedidos para pessoas jurídicas. Outro recorde foi o percentual de 84% daqueles que não conseguiram aprovar crédito para suas empresas.
O controle do fluxo de caixa de uma empresa é indispensável para manter a saúde financeira de um negócio. É possível fazer uma projeção de segurança para até dois anos de operação, o que permite saber a visibilidade no curto e médio prazo. Quando as contas estão misturadas, isso fica comprometido.
As ideias e os sonhos que motivam os empreendedores são indispensáveis para a evolução da sociedade em diferentes aspectos. Para que esses projetos se tornem realidade é necessário acesso ao crédito, que vem sendo ampliado e democratizado enormemente pelo setor de microcrédito e pelas fintechs. Mas para assegurar a longevidade dessas ideias, o empreendedor deve ter total atenção à separação das contas pessoal e de sua empresa para evitar que seu negócio seja prejudicado ou, pior, que ele tenha que interromper sua jornada como empreendedor.
*Carlos Eduardo Navarro Ribeiro é CEO da Crefaz (www.crefaz.com.br), empresa fundada em 2013 com o objetivo de oferecer crédito a um público não assistido pelas instituições financeiras tradicionais.