O mercado de crédito está passando por uma importante transformação. Novos modelos de investimento privado ganham protagonismo e a fragmentação de ativos por meio da tokenização é uma das principais tendências no mercado financeiro.
Antes associado apenas ao mercado cripto, o avanço na tecnologia blockchain levou ao surgimento da tokenização de Ativos do Mundo Real (AMRs), com potencial para revolucionar os mercados financeiros tradicionais. A importância de tokenizar AMRs reside em seu poder de democratizar as oportunidades de investimento, aumentar a liquidez e reduzir os custos de transação.
O setor de crédito privado mostrou um crescimento significativo impulsionado pela adoção da tokenização, com o mercado global alcançando aproximadamente US$ 8 bilhões no início de 2024. Várias instituições no Brasil e no mundo estão liderando o caminho na tokenização do crédito privado.
O Santander Brasil fez parceria com a IBM para criar uma plataforma de tokenização para aumentar a liquidez e a acessibilidade ao mercado focando em diversos ativos, incluindo recebíveis de cartões de crédito e imóveis.
O BTG Pactual, banco de investimentos líder na América Latina, lançou um fundo de investimento tokenizado em AMRs focado em ativos do agronegócio brasileiro, promovendo a diversificação e criando novas oportunidades de investimento.
O Itaú Unibanco está testando a tokenização de títulos de renda fixa em colaboração com a B3, visando melhorar a eficiência e a acessibilidade do mercado de renda fixa. A XP Investimentos criou uma plataforma de tokenização em parceria com a ConsenSys, focando na tokenização de ativos como startups e empresas em crescimento para democratizar o acesso a oportunidades de investimento de alto crescimento.
“A adoção da tokenização por grandes instituições financeiras demonstra as aplicações práticas e os benefícios dessa tecnologia em cenários do mundo real”, afirma Tiago Piassum, CEO da Rivool Finance e especialista em tokenização. A Centrifuge, por exemplo, facilita a tokenização de AMRs, incluindo crédito privado, aumentando a liquidez e proporcionando acesso a mercados financeiros descentralizados (DeFi).
A Goldfinch foca na infraestrutura de crédito descentralizada, permitindo a tokenização do crédito privado para aumentar o acesso ao capital para mutuários globalmente. Já a Maple Finance, plataforma de crédito DeFi, facilita a concessão de empréstimos corporativos utilizando smart contracts na blockchain. Na prática, o processo de tokenização de AMRs consiste na conversão dos direitos de propriedade de um ativo em um token digital dentro de uma blockchain, tecnologia de registro distribuído que garante a segurança e a transparência das transações digitais.
“A tokenização de AMRs envolve várias etapas. A princípio, é necessário identificar um ativo adequado para tokenização e determinar seu valor de mercado, desenvolvendo tokens digitais que representam participações no ativo usando contratos inteligentes em uma blockchain. Depois, ao garantir que o processo de tokenização esteja em conformidade com os regulamentos, são emitidos tokens que podem ser negociados em várias plataformas baseadas em blockchain, permitindo que os investidores comprem e vendam suas participações”, explica Piassum.
Segundo o especialista, a tokenização pode reduzir significativamente os custos de transação ao eliminar intermediários e automatizar processos através de contratos inteligentes, tornando as transações de ativos mais econômicas. “A liquidez melhorada permite que ativos tradicionalmente ilíquidos, como imóveis ou produtos agrícolas, se tornem mais líquidos através da propriedade fracionada, permitindo que porções menores do ativo sejam negociadas”, descreve Piassum.
A primeira transação imobiliária brasileira com moeda digital, inclusive, foi realizada em Porto Alegre usando a D¥N (token de pagamento digital), da Dynasty Global AG. O processo de compra foi executado em minutos, por meio de tokenização e blockchain. A tecnologia blockchain oferece um registro imutável de todas as transações, garantindo um histórico claro e auditável de propriedade e transferências de ativos.
Além disso, a tokenização reduz as barreiras de entrada para investir em ativos de alto valor, democratizando as oportunidades de investimento e permitindo que um público mais amplo acesse e invista em ativos anteriormente inacessíveis.
Impulsionada pelos avanços tecnológicos e pelo reconhecimento crescente de seus benefícios, a tokenização no cenário financeiro atual é influenciada por medidas contínuas de aperto quantitativo, que levaram a uma mudança no sentimento dos investidores em direção à aversão ao risco. Nesse ambiente, a popularidade das stablecoins – criptomoedas atreladas a ativos estáveis, como o dólar americano – tem aumentado tanto dentro das finanças descentralizadas (DeFi) quanto em aplicações emergentes.
“A tokenização de AMRs vive um importante momento de crescimento devido ao desenvolvimento de aplicações práticas e atraentes, demanda orgânica dos usuários, liquidez substancial on-chain e catalisadores macroeconômicos favoráveis. Para os próximos anos, a tendência é que a prática ganhe cada vez mais destaque no mercado”, diz Piassum. – Fonte e outras informações, acesse:
( https://rivool.finance/).