A Movelaria da RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) do Uatuma~, localizada no Estado do Amazonas, nos municípios de São Sebastião Uatumã e Itapiranga, realiza, junto à designer e gestora de projetos, Maria Eduarda Carneiro da Cunha, e do IDESAM – Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia – o desenvolvimento de uma linha de produtos utilitários de madeira manejada.
A parceria tem o apoio financeiro da CLUA – Climate and Land Use Alliance. A iniciativa tem como objetivo gerar produtos de maior valor agregado à produção da RDS do Uatumã, assim como gerar renda e emprego aos moradores da RDS. A linha de objetos será produzida com madeira proveniente do plano de manejo florestal licenciado na RDS, que é gerido por membros da associação de moradores da reserva e tem apoio do Fundo Amazônia/BNDES via o projeto Cidades Florestais”.
“Assim, ao se produzir os objetos, permite-se que a venda da produção tenha maior retorno ao comprarmos com madeira beneficiada do plano de manejo, o que, também, reduz a necessidade de maior exploração”, explica André Luiz Menezes Vianna, gerente do Programa de Manejo e Tecnologias Florestais do Idesam. Para desenvolver esta ação, Maria Eduarda convidou nomes como Ricardo Graham Ferreira (@oebanista) Guilherme Sass (@sassGuilherme) e Fernanda Barreto (@oficinaumauma).
Os convidados têm em comum o trabalho com a madeira e a produção pessoal de suas peças. Para o projeto, os designers/marceneiros tiveram que obedecer ao briefing de criarem objetos de uso cotidiano, tendo em conta que a produção das peças será feita pelos comunitários, após receberem dos próprios designers, aulas de marcenaria e de como produzir cada objeto.
Uma imersão de uma semana na marcenaria montada na comunidade da floresta estava prevista para janeiro desse ano. Porém, com a pandemia, o isolamento e, mais recentemente, a variação do coronavírus, o projeto foi mudando de forma. Dos 12 objetos que serão produzidos pela comunidade, nove foram criados pelos designers e três serão criados pelos comunitários com a assessoria dos designers. Enquanto a viagem para a Amazônia não é possível, nove videoaulas foram gravadas, onde cada designer ensina como produzir as peças.
Os vídeos já foram apresentados aos comunitários que estão animados por poderem seguir com o projeto, mesmo à distância. Encontros virtuais já estão acontecendo para que as dúvidas possam ser tiradas. “Apesar da pandemia, a líder do manejo florestal, junto ao Grupo de Trabalho da Associação da RDS do Uatumã (AACRDSU), fizeram um trabalho que nos permite avançar nos conceitos de assessoria técnica remota. A equipe dos moradores organizou todo um curso, assistindo os vídeos previamente enviados e filmando suas dúvidas.
Dessa forma, ao juntarmos tecnologia acessível à região e a determinação das comunidades ribeirinhas, foi possível avançar com o projeto mesmo em um momento com muitas adversidades”, explica André Vianna. Elizângela Conceição Cavalcante, moradora da comunidade de São Francisco das Chagas do Caribi, diz que este projeto é uma iniciativa muito feliz, pois ela e os outros comunitários podem contar com o apoio do Idesam e dos designers. “Estamos muito empolgados e nos sentindo muito valorizados com essas aulas especiais. Elas estão sendo muito enriquecedoras”, comenta.
Fazem parte do núcleo da marcenaria no Uatumã, homens, mulheres e jovens que estão recebendo informações, aprendizagem de novas técnicas de uso de madeira e acabamentos por meio das videoaulas, até que seja possível um encontro presencial. “Mesmo com toda dificuldade apresentada pelo longo período de pandemia, houve e sempre haverá troca de conhecimentos, novos olhares sobre a matéria-prima da floresta com as pessoas que vivem dentro da maior riqueza que nosso país possui”, diz Ricardo Graham.
Os produtos serão lançados ainda em 2021 e serão comercializados através da Inatú Amazônia, uma marca coletiva criada para comercializar produtos florestais amazônicos, uma parceria do Idesam com associações e cooperativas do Amazonas. São diversas pessoas da floresta envolvidas na Inatú Amazônia, que se beneficiam da oportunidade de comercializar os mais diversos produtos a preços justos, cuidando do círculo da natureza, sem abusos e vivendo de uma forma mais digna através do seu próprio trabalho.
“Inicialmente, o lançamento seria no primeiro semestre de 2021. Com a segunda e terceira ondas da pandemia, a meta agora é aproveitar o tempo que teremos para desenvolver ainda mais as técnicas, mesmo que à distância. Esperamos que no segundo semestre possamos apresentar as peças para o mercado, e fazer esses produtos chegarem ao dia-a-dia de quem, mesmo longe da Floresta, se preocupa e quer fazer parte do consumo sustentável consciente, que valoriza e preserva a Floresta e seus guardiões”, comenta Maria Eduarda.
O ldesam é uma organização que desenvolve um trabalho integrado, compreendendo uma atuação de base que presta assistência técnica a produtores rurais, comunidades tradicionais e empreendedores sociais, até a formulação de programas e políticas públicas. Com uma atuação em rede, há 16 anos implementa projetos de conservação e restauração florestal, produção sustentável, aceleração de negócios de impacto, pagamento por serviços ambientais e mitigação das mudanças climáticas. (Saiba mais em idesam.org)
Com apoio financeiro da Climate and Land Use Alliance (CLUA), a iniciativa INATÚ – Linha de Objetos de Madeira traz no seu escopo de ações a elaboração de estudos econômicos para a manutenção da atividade de manejo florestal sustentável de madeireira, o desenvolvimento de modelo de fomento florestal para a cadeia produtiva florestal e desenvolvimento de produtos beneficiados utilizando madeira manejada.
Além disso, o projeto irá promover capacitações para o beneficiamento da madeira manejada e também o apoio à comercialização desses produtos. A iniciativa apoia ainda a implementação de crédito florestal no Amazonas. Por meio do projeto, uma movelaria na RDS do Uatumã já está recebendo apoio, tanto estrutural como para produção de objetos de madeira em parceria com designers renomados do Brasil. Fonte e mais informações em: (www.idesam.org).