O Brasil conta atualmente com 43 mil estagiários, de acordo com dados do Instituto Euvaldo Lodi (IEL)
Pedro Sant’Anna (*)
O estágio é uma fase importante para grande parte dos estudantes, afinal, essa função permite que os futuros profissionais entendam um pouco mais na prática sobre as tarefas relacionadas à área escolhida na faculdade. Além disso, o estagiário frequentemente tem a oportunidade de se desenvolver de modo multidisciplinar e terminar a graduação ainda mais preparado diante das demandas do mundo contemporâneo.
Existem cerca de 43 mil estagiários no Brasil neste ano (aumento de 30% em relação a 2022) com predominância nas áreas de Administração, Direito e Ciências Contábeis, de acordo com números do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Além disso, segundo um levantamento recente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), há uma média de 70 mil vagas de estágios no país até janeiro de 2024. São Paulo (51%) e a Região Nordeste (29,2%) lideram o ranking de lugares com mais vagas no período.
Porém, apesar de o estágio ser uma fase altamente relevante para os estudantes e muitas empresas contratarem jovens, é necessário destacar que muitas delas admitem esses profissionais iniciantes pelo motivo errado. Em vez de contratar pessoas com sede de aprendizado para ensiná-las da melhor forma e moldá-las de acordo com a carreira e a cultura da empresa, muitas companhias deixam isso de lado para apenas focar na economia de custos. Essa decisão faz com que as empresas destinem atenção apenas ao benefício financeiro imediato em vez de um investimento mais inteligente na formação do profissional e voltado ao potencial humano — este ainda mais escalável.
O investimento correto nos estagiários permite que uma empresa consiga formar talentos internos para possíveis posições futuras, usufruindo de um conhecimento mais acurado deles em relação aos próprios processos da companhia. Além disso, desenvolver estagiários viabiliza que uma organização tenha no futuro colaboradores altamente integrados à cultura do negócio, deixando-os mais alinhados aos valores da empresa. Soma-se às vantagens de desenvolver corretamente os estagiários uma possibilidade maior na retenção de talentos, afinal, profissionais que recebem mais investimento têm maior chance de permanecer na companhia após a conclusão do estágio. A troca de conhecimento entre profissionais mais antigos e mais jovens também proporciona um aprendizado mútuo, o que, claro, traz inúmeras vantagens à organização.
Pavimentar bem o terreno para o crescimento e aprendizado dos estagiários, portanto, é um compromisso que deve estar de acordo com o desenvolvimento de habilidades, integração na cultura da empresa, além de uma visão de futuro em que esses profissionais saibam que são peças fundamentais na engrenagem da organização. É importante sempre deixar claro que os estagiários não são o futuro da empresa, mas sim o presente em evolução.
(*) Formado em Direito na PUC Minas, Pedro Sant’Anna é fundador e COO da allu, a maior empresa de assinatura de iPhones da América Latina, além de investidor-anjo de negócios como Brota Company e Minimal Club.