Fabiano Torres (*)
A contabilidade é classificada como Ciência Social aplicada. Tem por objeto o patrimônio das entidades. As finalidades da contabilidade como ciência são: controlar o patrimônio, apurar o resultado e prestar informações. Quando se fala em informações, o entendimento é que são os relatórios contábeis produzidos, baseados na escrituração diária dos fatos administrativos.
Esses relatórios, dependendo do tipo de empresa, podem ser: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado, Demonstração do Resultado Abrangente, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado. Sendo que esta última é obrigatória apenas para as Companhias Abertas.
As informações geradas pela contabilidade são direcionadas, principalmente, aos usuários externos da entidade. Os usuários primários das informações contábeis, para quem realmente são direcionados os relatórios contábeis, são: investidores, credores por empréstimos e outros credores.
Com base nessas informações esses usuários podem tomar algumas decisões, como por exemplo: (a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; (b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou (c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade.
A contabilidade possui ferramentas para que as informações sejam devidamente traduzidas para uma linguagem um pouco mais inteligível pelo usuário mediado. Mas é claro que, para compreender melhor essas informações, o usuário precisa ter conhecimento sobre o negócio e alguma noção de contabilidade. Muitas vezes é preciso a contratação de um consultor para interpretar melhor as informações.
A Análise de Balanços ou Análise das Demonstrações Contábeis é a disciplina que interpreta os dados. O trabalho do analista inicia quando termina o trabalho do contador. A Análise das Demonstrações Contábeis visa extrair informações das demonstrações contábeis e transformar aqueles números (dados) em informações. Essa transformação se dá através de alguns relacionamentos entre as contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis elaboradas pelas entidades.
O direcionamento das informações depende de quem vai usá-las. Investidores estão preocupados com a rentabilidade do negócio. Emprestadores de recursos preocupam-se com a possibilidade do devedor honrar os compromissos. Fornecedores querem saber se os clientes têm condições de arcar com as responsabilidades. Clientes querem saber se os fornecedores vão honrar com os compromissos dos pedidos realizados.
Cada um com uma necessidade específica. Internamente, as informações geradas pela contabilidade podem ser usadas para acompanhamento de toda a gestão, como por exemplo: os indicadores de liquidez, endividamento e lucratividade. Esses indicadores podem ser calculados periodicamente e com base nesse acompanhamento, quando algum indicador apresentar uma performance inferior, a gestão pode atuar para pelo menos mantê-los estáveis.
No caso das Companhias Abertas, cujas informações são prestadas trimestralmente, os investidores atuais e potenciais buscam acompanhar esses resultados para decidir se mantém o investimento, aumentam a posição ou mesmo invistam naquele negócio.
Preocupação dos investidores maior com: endividamento (principalmente a dívida líquida e a alavancagem), indicadores de rentabilidade (acompanhamento de receitas e despesas, cálculo das margens de lucros), geração de caixa (observando principalmente o LAJIDA – Lucros Antes dos Juros, do Imposto de Renda e da Depreciação e Amortização – também conhecida com a sigla EBITDA) e a remuneração de capital.
(*) – É professor do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio.