O PIX foi o grande destaque entre as formas de pagamento aceitas pelo comércio eletrônico no Brasil em 2022. A modalidade saltou do patamar de aceitação de 64,4% em janeiro para 91,5% nos meses de novembro e dezembro, seu recorde de adesão no histórico do Estudo de Pagamentos Gmattos. A edição de dezembro do estudo faz um balanço de 2022 e aponta perspectivas do segmento para 2023.
Uma delas é a de o PIX manter seu alto percentual de aceitação, e isso com um número cada vez maior de lojas oferecendo benefícios ao consumidor para essa opção de pagamento. Se, em novembro, a proporção de lojas que, ao aceitarem PIX, ofereciam algum benefício para quem pagasse com a modalidade era de 29,6%, em dezembro essa parcela de lojistas subiu para 33,3%.
A preferência dos comerciantes por receber via PIX tem justificativas lógicas e estratégicas, de acordo com Gastão Mattos, cofundador e CEO da Gmattos. “Os motivos são o custo menor e a efetividade maior, na medida em que a conversão de pagamentos via PIX é muito superior aos seus concorrentes diretos nas modalidades à vista, os cartões de débito e os boletos”, afirma o especialista.
Entre os benefícios ofertados pelos lojistas para o pagamento com PIX, foram observados descontos entre 1% e 20% no valor da compra, além de frete grátis em alguns estabelecimentos.
O Estudo de Pagamentos Gmattos — Balanço 2022 sinalizou ainda uma nova ascensão do BNPL (“Buy Now, Pay Later”), tipo de parcelamento com e sem juros fora do mecanismo usual de oferta parcelada via cartão de crédito. “No momento, é a forma de pagamento com a maior tendência de crescimento para o próximo ano”, estima Mattos.
“O BNPL ainda vem sendo adotado por consumidores que não poderiam usar o cartão de crédito, mas seu avanço aponta para uma provável confrontação entre essas duas modalidades em algum momento no futuro”. Entre julho e dezembro de 2022, a aceitação do BNPL subiu 10,1 pontos percentuais, passando de 15,3% para 25,4%.
Por sua vez, o crédito é o líder absoluto do ranking de meios de pagamento aceitos pelo e-commerce brasileiro. Em novembro, no embalo da Black Friday, a modalidade atingiu 100% de aceitação entre as lojas pesquisadas, totalidade que manteve em dezembro.
Um aspecto central da análise da consultoria em relação a esse meio é o das práticas do número de parcelas sem juros.
No Natal, esse parcelamento foi menor que na Black Friday — média de 4,7 parcelas sem juros ante 6,4 praticadas em novembro. Na percepção de Gastão Mattos, o parcelamento mais estendido, sobretudo o de 12 vezes, passa a ser uma estratégia promocional para uso em datas específicas. O consultor pondera que não é simples ameaçar o crédito em sua predominância nas compras parceladas, por se tratar de uma plataforma consolidada e com o diferencial da milhagem, “atrativo decisivo para uma camada relevante dos compradores online”.
“Tampouco o PIX Garantido, a ser lançado pelo Bacen em data indefinida, deve ameaçar o volume transacional crescente no parcelado no cartão em 2023”, afirma Gastão. “Caso se confirme para este ano, o PIX Garantido precisará da adesão de emissores, não será compulsório como o PIX instantâneo e terá de superar a barreira de uma nova integração no checkout das lojas”. No grupo dos meios de pagamento com desempenho mais regular e estável, o boleto manteve o patamar de 70% de aceitação ao longo do ano.
Algumas lojas têm igualado benefícios oferecidos para pagamento com PIX e boletos. Mas a maior parte deles é mesmo direcionada ao PIX. O débito consolidado fechou o ano com 32,2% de aceitação, seu melhor resultado no período e que se deve à aceitação da modalidade banco — que, por sua vez, é sustentada pela Caixa como forma de pagar nos checkouts. A modalidade bandeira se encontra estagnada no patamar de 15%.
As wallets, que até o final de 2021 rondavam a casa dos 50%, decaíram para perto dos 40% em novembro de 2022, ficando nos 42,4% em dezembro/22. PayPal se mantém como a principal wallet do mercado, contando com incentivos em algumas lojas. Nesse sentido, a AME se destaca com o mecanismo de cashback, que se estabelece como uma tendência promocional para 2023, conquistando inclusive para sua estratégia recursos que seriam investidos em marketing para geração de tráfego.
Outro foco dos lojistas para este ano está na conversão de carrinho. Entre as melhorias buscadas nesse sentido, ganha relevância a compra através do APP Emissor. Nesse modelo, o banco se associa a uma loja ou marketplace para ofertar produtos em seu ambiente. A simplificação no pagamento é significativa, além de propiciar ao lojista a eliminação dos custos de prevenção à fraude e ao risco de chargeback.
O “Click to Pay” é também uma iniciativa. Trata-se da compra com um clique das bandeiras de aceitação, usando a tokenização como um dos elementos funcionais. Além da simplificação no checkout, outra vantagem projetada pelo mecanismo é a renovação automática do número do cartão, uma vez que o serviço está totalmente integrado ao ecossistema de pagamentos. – Fonte e mais informações: (https://gmattos.com.br/).