A Procuradoria-Geral da República está inclinada a considerar as escutas das conversas do ex-presidente Lula como legais.
O procurador-geral, Rodrigo Janot, terminou neste sábado (19), sua turnê de uma semana pela Europa e a partir de segunda-feira (21) vai avaliar o caso e um eventual pedido de inquérito contra Lula e a presidente Dilma Rousseff.
Durante a viagem, o chefe do MP não escondeu de pessoas próximas o fato de estar “inconformado” com a atitude de Lula de dizer que colocaria “medo” nos procuradores da Lava Jato. As gravações realizadas pela PF com a autorização do juiz Sérgio Moro têm sido alvo de polêmica. Aos assessores mais próximos, Janot disse que vai tratar do assunto “de forma serena” e sem “contágios políticos”. Na Europa, Janot já foi questionado por colegas do Velho Continente sobre as interceptações feitas pela Lava Jato e como se justificavam. A explicação é de que as gravações se referiam a “suspeitas de crimes”.
O procurador-geral também deixou claro que nenhuma conversa de “cunho pessoal” havia sido incorporada no processo ou tornada pública. A insatisfação com as falas de Lula já havia motivado uma declaração pública de Janot em resposta à “gratidão” devida pelo cargo. Na quinta-feira, o procurador-geral disse a jornalistas que “cargo público não é presente” e que só tem gratidão à sua família. O que também surpreendeu Janot foi a atitude de menosprezo de Lula com a Justiça. “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado”, disse o ex-presidente, num outro trecho de conversa com Dilma (AE).