Processos seletivos exigem expertises pouco utilizadas no cotidiano de profissionais como os de vendas, deixando de lado habilidades de impacto na rotina do mercado
Boa parte dos profissionais já deve ter se deparado com o descritivo de uma vaga no qual uma série de habilidades foram solicitadas sendo que estas, nitidamente, não estavam de acordo com as atividades diárias da rotina direcionada para aquele cargo. E ainda por cima, isso nem sempre vem acompanhado de uma oferta de um salário razoável.
No mercado de vendas, os processos de contratação começaram a procurar outras qualidades nos candidatos. Algumas empresas vêm priorizando a compatibilidade entre o que está sendo solicitado, o salário disponível para a vaga em questão e o que será, de fato, útil no dia a dia. Em meio a este cenário, as habilidades comportamentais (soft skills) vêm sendo cada vez mais valorizadas e determinantes na definição de alguém para uma vaga.
Com o desemprego batendo em 14,4 milhões, algumas exigências ineficientes servem apenas para afastar bons candidatos de vagas que seriam perfeitas para eles. “Em alguns setores não existe sentido em exigir que o candidato tenha fluência em inglês. Eu falo inglês, morei 10 anos fora do Brasil, e tenho pouquíssimas oportunidades de usar a língua aqui”, disse Maucir Nascimento, especialista em Growth, Marketing e Vendas. Uma pesquisa realizada pela British Council apurou que apenas 5% dos brasileiros falam inglês e somente 1% da população possui fluência na língua.
“Dependendo da função que a pessoa vai exercer não vejo o motivo de um recrutador pedir isso. Eu, particularmente, creio que isso sirva apenas para separar quem teve berço de ouro, mais condições econômicas dos outros candidatos. Se não for para atuar em uma multinacional, em empresas que lidam com pessoas de fora, ou coisa que o valha, acho descabido mesmo. O pior é exigir diversas línguas e pagar R$ 1 mil por mês”, afirmou Nascimento, que é cofundador da Speedio, plataforma de geração de leads B2B com Big Data e Inteligência Artificial.
Nascimento lembrou que dentro das exigências é a que pede muito tempo de experiência, acompanhada de um salário muito baixo. “No setor de vendas, a exigência por outra língua não faz sentido pra maior parte das empresas. São 20 milhões de empresas ativas aqui dentro, oportunidades pra todos os lados. Em vez disso, o incentivo deveria estar nos cursos específicos das respectivas áreas de atuação: estudar, estudar, estudar.
Este é o momento da humanidade onde o conteúdo está mais livre, democratizado: a pessoa só tem que ir buscar o que quer. A internet oferece várias opções e a pessoa vai se montando o próprio leque de interesse. Na minha empresa tenho um contador que se reinventou e hoje é um grande vendedor, tudo por conta própria, sem gastar um real nessa educação. É uma revolução silenciosa”, disse Nascimento, que é especialista na área de tecnologia.
A busca por candidatos não somente técnicos fez surgir o interesse pelos profissionais com habilidades comportamentais (soft skills). A mudança está tão latente que já existem cursos de Soft Skills, com aulas sobre coragem, alta performance, força, poderes especiais, comunicação assertiva, criatividade, inteligência, oratória etc. O perfil híbrido também é muito visado por alguns recrutadores. Ele reúne habilidades comportamentais em sintonia com a cultura da empresa e algum conhecimento técnico e a capacidade de ser produtivo para a empresa.
Rafael Mendes, CEO da RP Trader e Head de Conteúdo da Conquer, destacou que não leva em consideração apenas a habilidade técnica do candidato em uma prospecção ou uma venda. “Eu peço que ele me convença e convença meu time que é a pessoa correta para trabalhar para a gente. Se ele não tiver inteligência emocional para provar para meu recrutador que é a pessoa certa para aquela vaga, ele dificilmente vai provar para um cliente que a empresa é a certa para solucionar o problema dele. A inteligência emocional é decisiva para mim nesse processo”, afirmou.
Garantiu que não leva em consideração se o candidato tem inglês, graduação, pós-graduação e que incentiva a diversidade, “Quero pessoas que tenham vontade de trabalhar e possuam inteligência emocional”, disse o professor da Escola Conquer, plataforma de cursos on-line que tem a proposta de ensinar com dinâmica voltada às necessidades do mercado.
O desenvolvimento das habilidades comportamentais, de acordo com os especialistas, torna o funcionário mais positivo, uma melhor liderança, em busca de novas oportunidades de empreender e inovar dentro da empresa, ético, empático, criativo, e que auxilie na criação de um melhor ambiente de trabalho. Maucir e Rafael separaram dicas para o candidato fortalecer suas habilidades comportamentais e aumentar sua empregabilidade:
- 1) Ser positivo, reconhecer suas potencialidades e se autovalorizar;
- 2) Ter uma comunicação firme e direta sem sentir ou provocar constrangimentos;
- 3) Ter empatia e se colocar no lugar dos outros;
- 4) Respeitar a diversidade e não ter nenhum tipo de preconceito;
- 5) Buscar ideias criativas e soluções para agilizar o seu trabalho de toda a equipe;
- 6) Ser transparente, respeitoso e confiante;
- 7) Organizar o tempo para evitar demora e turbinar a própria produtividade e de toda a equipe;
- 8) Criar e incentivar o empreendedorismo dentro da organização;
- 9) Ter controle emocional para lidar com sentimentos ruins ou situações inusitadas e conseguir uma reação positiva;
- 10) Estimular sempre boas relações entre as pessoas, direcionando e influenciando a equipe de uma maneira justa e com empatia;
- 11) Ser um incentivador do respeito coletivo e colaboração sempre em busca de bons resultados. – Fonte e outras informações: (www.speedio.com.br).