Integração dos canais digitais, adequação da legislação de proteção de dados e governança de APIs são algumas das questões mais relevante
O Open Finance Brasil completou 2 anos em fevereiro de 2023 e o case brasileiro já é referência global, servindo de benchmark para outros países que avaliam a implementação do compartilhamento de dados e serviços no âmbito de seus sistemas financeiros. Segundo dados da Allied Market Research, o segmento mundial de Open Banking deve atingir US$124 bilhões em 2031, crescendo em um ritmo de 22% ao ano.
No Brasil, o Banco Central anunciou recentemente que planeja integrar Pix, Open Finance e Real Digital, com o intuito de desenvolver uma economia digital no país por mais eficiência e segurança nas transações. Em fevereiro, o BC também divulgou os expressivos números conquistados por essa verdadeira revolução: 17 milhões de consentimentos ativos e 11 milhões de consumidores participantes.
Alan Mareines, CEO da Lina Open X, ressalta que a tecnologia traz importantes e positivas transformações ao mercado. “O Open Finance pode oferecer diversas melhorias, beneficiando quem utiliza e também as instituições financeiras. Ele representa uma grande evolução no mercado, possibilitando aos usuários uma gestão mais completa e integrada de suas finanças”.
Quais são os desafios para as empresas?
Ao passo que o Open Finance coloca na mão do consumidor o poder de escolha sobre produtos e serviços a partir do compartilhamento de dados, existem também alguns desafios para implantação do sistema nas instituições financeiras.
“Se adequar ao padrão estabelecido pelo Banco Central para o compartilhamento de dados e serviços é um desafio para as instituições participantes, que devem implementar, em seus sistemas, interfaces de APIs para possibilitar a transmissão dos dados e a iniciação de pagamentos de forma segura, garantindo que o processo somente ocorra mediante a aprovação do consentimento por parte dos clientes”, explica Mareines.
O especialista ressalta que o ecossistema foi construído para manter um padrão elevado de segurança que já existe nas transações financeiras, mas que um novo desafio se coloca. “Com a instituição devidamente integrada ao ecossistema Open, um novo e árduo desafio se impõe: prover suporte para as demais instituições participantes que se conectam para acessar os dados de clientes e iniciar transações de pagamento”, pontua.
Alan também complementa: “Quem organiza essas demandas de atendimento e suporte técnico é o Service Desk do Diretório de Participantes. Cabe às instituições monitorar a abertura de chamados para requisições de serviços e incidentes, atuando prontamente, de forma a cumprir os SLAs regulatórios e atender as demandas de suporte técnico e operacional”.
Além da sustentação do ecossistema, cabe ressaltar que o Open Finance é um organismo vivo, que está nos seus primeiros anos de vida, o que significa que novas versões de APIs, alterações de escopo e novas funcionalidades ainda serão frequentemente implementadas. “A instituição deve ser capaz de atender essas demandas regulatórias, evoluindo frequentemente a solução para cumprir prazos e evitar desenquadramentos, notificações e multas”, destaca o especialista.
Também se mostram como desafios a integração dos canais digitais, a adequação da legislação de proteção de dados e a governança de APIs. E, por fim, a falta de conhecimento do público sobre o Open Finance ainda é um obstáculo. “Por mais que já exista um avanço importante e considerável, ainda há um grande caminho a ser percorrido, até que os consumidores brasileiros compreendam de fato como podem se beneficiar do compartilhamento de dados no Open Finance”, finaliza Mareines.