A implementação das quatro fases do Open Finance no Brasil neste primeiro ano foi marcada pela ausência de problemas estruturais ou impasse com questões legais.
Em 2022, o desafio será consolidar sua total implantação e estabilização das APIs para que novos produtos e serviços financeiros sejam criados e oferecidos aos clientes bancários. Neste primeiro ano já foram registradas 231,1 milhões de chamadas bem-sucedidas entre os participantes para o compartilhamento de dados, que deverão aumentar gradativamente ao longo dos próximos anos.
“O Open Finance está no centro dos trabalhos técnicos da Febraban e apresenta desafios enormes, principalmente com relação ao cronograma proposto. O setor bancário está contribuindo proativamente com a implantação do projeto no Brasil em um tempo recorde de implementação e com escopo maior do que o observado em outros países”, avalia Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Conhecido inicialmente como Open Banking, o Open Finance representa uma expansão do novo modelo de serviço, que permite que os clientes solicitem o compartilhamento de seus dados pessoais, bancários e financeiros com terceiros, de forma segura e digital, mediante sua expressa autorização. Estas informações podem ser usadas para oferecer ao consumidor melhores ofertas de produtos e serviços personalizados e com melhores custos.
Ele funciona no Brasil sob regulação e fiscalização do Banco Central. O sistema trabalha por meio de APIs (interfaces de programação de aplicações), que fazem a conexão entre as instituições participantes e permitem a troca de informações entre elas de uma maneira padronizada.
Com o Open Finance, por exemplo, o consumidor também poderá conectar sua conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira, resultando em sugestões de investimentos ou até mesmo na recomendação de produtos e serviços mais personalizados e com condições de custos que melhor se adaptem à sua necessidade.
A Febraban avalia que o trabalho realizado no primeiro ano de implementação do Open Finance no Brasil está dentro do esperado pelas instituições, dada a complexidade do projeto, que passou por ajustes em seu calendário, necessários dentro de uma infraestrutura dessa magnitude e em execuções dessa dimensão, sejam regulatórias ou de natureza privada.
A Federação e o setor bancário continuam engajados com a iniciativa, que trará mais conveniência para seus clientes, além de oportunidades e melhores ofertas de produtos e serviços para o mercado. O pontapé inicial da implementação do Open Finance foi dado em 1º de fevereiro do ano passado, com o compartilhamento de informações sobre seus canais de atendimento.
Nesta primeira fase também entraram os dados e as características sobre os produtos e serviços oferecidos, como, por exemplo, tipos de contas, empréstimos e financiamentos que cada um dos participantes oferece ao seu cliente. A segunda fase do Open Banking foi implementada de forma escalonada e teve início em 13 de agosto. Em uma primeira etapa, as instituições começaram a iniciar as trocas de informações cadastrais dos clientes, como endereço, renda e dados pessoais.
Depois, foi a vez da troca de informações relacionadas a contas de movimentação, seguido do intercâmbio de informações de operações de crédito e de cartões de crédito. Caso o cliente autorize e dê seu consentimento, poderão ser compartilhadas entre instituições participantes as informações de cadastro (nome, endereço, CPF etc), bem como dados de movimentação financeira (informações sobre contas e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos).
Na prática, a instituição que esteja recebendo as informações de cadastro e de movimentação financeira do cliente, após a sua autorização, poderá fazer propostas de crédito, investimentos e de serviços mais personalizados, e que tragam melhores condições de custos.
A terceira fase, em implementação desde 29 de outubro, permite que o cliente inicie pagamentos de contas e transferências bancárias fora do internet banking ou do aplicativo do banco, por meio de aplicativos específicos para este fim e com uma abrangência inicial de transferência por Pix. Os demais meios de pagamento serão implementados nos próximos meses.
Um modelo de negócio possível a partir desta fase pode aparecer no comércio eletrônico: por exemplo, ao comprar em um site de e-commerce será possível iniciar um pagamento ou uma transferência dentro do próprio site de vendas, sem precisar ter acesso ao aplicativo ou ao site do banco.
A quarta fase segue em desenvolvimento e ocorrerá em duas etapas: com o compartilhamento das informações de produtos e serviços ofertados dos demais dados financeiros, não envolvendo informações de clientes; e com as informações financeiras pessoais do usuário que envolvam câmbio, investimentos, seguros e previdência complementar ao longo desse ano. – Fonte: (www.febraban.org.br).