Fábio Steren (*)
Não houve uma única empresa que não adequou seu modelo de negócios durante a pandemia. Importantes processos que, timidamente são discutidos há anos, foram impulsionados durante o isolamento social, abrindo portas para novos critérios de seletividade de vagas e valorização de benefícios complementares – que superam até mesmo o salário ofertado.
Dentre tantos requisitos, a escolha do seu futuro emprego deverá ser pautada em uma análise criteriosa e balanceada entre vários pontos. Obviamente, todos queremos ser recompensados financeiramente por nossos esforços no trabalho.
Mas, de nada adianta focarmos apenas no nosso desenvolvimento e crescimento pessoal, se deixarmos de lado o tempo para descansarmos e termos uma melhor qualidade de vida.
As progressões de cargo e maiores remunerações logo perderam espaço para um maior desejo pela flexibilidade na jornada, metas mais bem definidas e, acima de tudo, lideranças inspiradoras que estimulem o desenvolvimento constante. Como prova dessa nova busca, uma pesquisa feita pelo LinkedIn identificou que 78% dos profissionais confirmam que a pandemia despertou seus interesses por mais flexibilidade no trabalho.
Ainda, cerca de 30% afirmaram que deixaram seus empregos pela falta de políticas flexíveis e, quase 40% já consideraram essa possibilidade em algum momento de suas carreiras. Um grande alerta para os empregadores. A ascensão do home-office foi um tremendo contribuinte para esse crescente desejo.
Sendo implementado por grande parte do mundo corporativo durante a pandemia, mostrou a possibilidade de profissionais manterem seu desempenho excepcional mesmo à distância, sem prejuízos em sua produtividade ou qualidade do trabalho. Não à toa, cerca de 58% dos brasileiros preferem mudar para o trabalho híbrido ou totalmente remoto neste ano, segundo um estudo feito pela Microsoft.
Toda mudança traz desafios de adaptação para a empresa e os funcionários – mas, com disciplina e organização diárias, é possível se adequar perfeitamente, indo ao encontro destes novos anseios dos profissionais e conseguindo atrair os melhores talentos do mercado para impulsionar um negócio.
Ao iniciar esse estudo, é importante compreender a fundo os reais motivadores destas mudanças, assim como se os desejos dos candidatos estão de acordo com as aspirações da empresa. Em momentos de aquecimento extremo do mercado, um match perfeito entre estes perfis será um grande passo na escolha pelo emprego ideal.
Muitos profissionais estão mudando de emprego em alta velocidade atualmente – atraídos pela possibilidade de benefícios mais flexíveis, oportunidades de crescimento e viabilidade de terem mais qualidade de vida. Mesmo se tratando de um desejo compreensível, tantos benefícios podem até soar como algo negativo para a empresa que o está avaliando.
Por isso, é importante compreender exatamente o que a empresa está buscando, a fim de encontrar um alinhamento adequado entre as partes. Toda companhia necessita de um grupo de pessoas convergindo para um mesmo objetivo e propósito, o que torna este entendimento fundamental em todo processo seletivo.
É preciso encontrar o profissional mais preparado e que agregará valor para a companhia, trazendo crescimento e desenvolvimento para ambos no médio e longo prazo. E, se de um lado a empresa precisa oferecer mais flexibilidade, por outro, os profissionais também precisam fazer por merecer.
Aqueles que buscam especialização, cursos e experiências para complementar sua área de atuação, têm cada vez mais se destacado por sua amplitude de conhecimento e visão de negócio.
O mais importante é buscar um equilíbrio entre as partes, deixando as expectativas bem alinhadas. Assim, ficará mais fácil encontrar seu próximo emprego.
(*) – É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção (https://wide.works/).