Manuel Landeiro (*)
Não é segredo que a área de logística é uma das mais desafiadoras de gerir no campo dos negócios. Isto porque, envolve uma ampla cadeia, a qual precisa atuar em sinergia para que todas as etapas de seus processos operem com segurança e eficiência.
No entanto, nas últimas décadas, este complexo mercado ganhou novas proporções e, mais do que nunca, demandou novos investimentos em tecnologias disruptivas para crescer e garantir a satisfação de um perfil de consumidor ainda mais exigente.
Dados da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) estimam que o total de investimentos em transportes e logística somarão R$ 124,3 bilhões entre 2022 e 2026. Embora este ainda não seja o valor ideal para driblar todos os desafios presentes na cadeia logística brasileira, já é possível notar que esta indústria vem se movimentando para suprir as necessidades dos clientes.
Analisando o contexto do mercado logístico no Brasil, que sempre foi muito manual, com atividades atribuídas às pessoas como mapeamento de rotas e definição da sequência de carregamentos, é possível perceber que, há pouco tempo, ainda havia pouco planejamento e um controle bastante limitado.
Por esta razão, os serviços não entregavam uma alta assertividade, possuíam baixos resultados e os processos eram pouco confiáveis e não escaláveis. Olhando para a atual realidade, nitidamente a tecnologia trouxe mudanças expressivas para o desempenho do setor, principalmente com a ascensão do e-commerce durante a pandemia de Covid-19, que transformou os hábitos de consumo e impulsionou a compra por meio de canais digitais.
Além disso, o chamado “efeito Amazon” também impactou esse cenário, contribuindo com a aceleração digital deste mercado. A importância da tecnologia integrada para empresas logísticas e para o consumidor. Em conformidade com a evolução tecnológica e com o atual cenário dos brasileiros, hoje os consumidores assumem múltiplas funções e o tempo passa a ser cada vez mais precioso.
Nesse sentido, exige-se cada vez mais praticidade, confiança, segurança e assertividade em suas experiências de compra. É neste contexto que a tecnologia integrada para transportadores e operadores logísticos passa a ganhar ainda mais evidência e relevância, sendo, muitas vezes, uma questão de sobrevivência.
A tecnologia, quando aplicada à área logística, é capaz de processar e correlacionar grandes volumes de dados em tempo real, além de proporcionar para as empresas a definição das melhores rotas, rastreamento de transporte e produtos em tempo real e, ainda, um gerenciamento otimizado e sincronizado com os diversos locais de estoques.
Desta forma, os sistemas logísticos resultam em uma série de benefícios para o mercado como um todo, incluindo a redução de custos, otimização de processos operacionais e gerenciais, e a geração de informações confiáveis para toda a cadeia.
. Do estoque ao destino final: a contribuição da tecnologia integrada na logística –
Segundo levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro, em 2021, as vendas online bateram recorde em faturamento, somando mais de R$ 161 bilhões, o que representa um aumento de 26,9% com relação ao ano anterior.
O mesmo mapeamento aponta um crescimento de 16,9% no número de pedidos via plataformas de vendas digitais, que resultaram no total de 353 milhões de entregas. Nesse sentido, é possível observar o quão complexa a logística se tornou, exigindo mais escalabilidade e, por meio dos recursos tecnológicos, a redução de custos, flexibilidade e acuracidade de dados.
Tal realidade se reflete em diferentes situações, como o caso do controle de vários locais de estoque, via um único sistema integrado, que disponibiliza informações precisas em tempo real para todos os pontos de venda, físicos ou virtuais. Esta integração de informação possibilita que a empresa possa vender qualquer um de seus produtos, que estão em locais distintos, atendendo ao cliente em qualquer oportunidade.
Em pontos de venda físicos, por exemplo, a tendência é que as lojas reduzam seus tamanhos e estoques e foquem em exposição mercadológica e na criação de novas experiências para os clientes. Existem marcas, inclusive, que trabalham apenas com a experimentação de produtos e efetuam vendas somente via canais digitais.
Essa prática garante maior volume de vendas, tendo em vista a redução dos riscos da falta de determinados produtos, e contribui com uma melhor experiência para o cliente, que pode decidir quando, onde e como deseja receber a sua compra. É neste momento que a experiência do omnichannel positiva ganha força e a tecnologia integrada assume funções mandatórias.
. Tecnologias integradas para a área logística disponíveis no mercado – Quando consumidores ou varejistas adquirem seus produtos, estes passam por diferentes etapas, que incluem a separação, emissão de notas fiscais, coleta, emissão dos documentos fiscais de transporte, embarque, deslocamento até o destino final, saída para entrega e geração do comprovante de recebimento (digital ou físico), as quais demandam acompanhamentos, seja por parte das empresas e/ou dos consumidores finais.
Este processo envolve desde a atualização do número de produtos em um estoque até o tracking das cargas, desde o embarque até a entrega final em seus respectivos endereços. Por isso, a integração das informações em meio a todos esses processos envolvendo a cadeia logística torna-se fundamental para uma experiência satisfatória, impactando diretamente vendedores, transportadoras, motoristas, entre outros players.
O mercado logístico evoluiu muito no que diz respeito a adesão de tecnologia. Atualmente, é possível encontrar sistemas como o WMS (Warehouse Management System), dedicado ao gerenciamento de armazéns, fundamental dentro da cadeia de suprimentos e que permite maximizar o uso desses espaços.
Há também soluções especializadas para toda cadeia de transporte – TMS (Transportation Management System), que possibilita o acompanhamento da movimentação de cargas entre indústria e varejo, distribuidor e varejo, até a linha final de distribuição, que liga as lojas ao consumidor final. Também é importante ressaltar o papel dos recursos tecnológicos nas questões de segurança enfrentadas no Brasil.
As soluções integradas são capazes de rastrear os produtos em todas as suas etapas, incluindo o transporte e o motorista, seja por meio de rastreadores ou iscas. Tais sistemas permitem ainda mapear a complexidade das áreas e o nível de segurança das entregas, fornecendo as melhores rotas e possibilitando a escolha dos melhores meios de transporte, sejam eles veículos blindados ou carros fortes, por exemplo.
Com isto em mente, um dos principais desafios do mercado de tecnologia para logística, é obter maleabilidade para o desenvolvimento de sistemas personalizáveis de acordo com os diferentes tipos de necessidades, independentemente do porte da empresa. Nesse sentido, é de suma importância contar com o apoio de empresas especializadas no desenvolvimento desse tipo de tecnologia, que poderão contribuir com um planejamento e implementação de soluções assertivas e de acordo com as novas demandas do mercado.
(*) – É Diretor da Unidade de Negócios para Logística do Grupo Benner, que disponibiliza informações por meio de softwares e processos (www.benner.com.br).