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O futuro da medição inteligente de energia

em Destaques
sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Fabio Jardim (*) e Frederico Correia (**)

A expressiva evolução tecnológica, acelerada em caráter emergencial no período crítico da pandemia, segue irrefreável. Nesse cenário, torna-se inadiável a modernização de processos pendurados em atividades manuais. Concorda?

Aqui vou tomar como exemplo o setor de Utilities, focando na área de Energia. Essas empresas enfrentam desafios regulatórios, tendo a necessidade de equilibrar a prestação de serviços de qualidade com preços acessíveis, além de investir em infraestrutura e tecnologia para atender às necessidades em constante transformação. Sem contar no aumento da complexidade do grid, com o crescimento exponencial da geração de energia distribuída e na revenda de energia pelas comercializadoras.

Mas a grande maioria ainda se apoia em uma infraestrutura com medidores de poucos recursos, que exigem a atuação de profissionais de maneira presencial para realizar a leitura do consumo em residências, empresas e indústrias. Essa necessidade gera mais custos, riscos de erro humano e ainda priva o setor de evoluções que podem beneficiar tanto o negócio como os consumidores.

Virar a chave para o futuro pode começar hoje com as redes AMI (Advanced Metering Infrastructure – Infraestrutura de Medição Avançada). Trata-se de um sistema que permite a coleta, comunicação e gerenciamento remoto de dados de medição de energia elétrica, água ou gás de maneira digital e online.
Os componentes desta infraestrutura digital englobam os medidores inteligentes, capazes de registrar o consumo de energia com mais precisão e enviar esses dados automaticamente, através de redes de comunicação (com diversas opções de tecnologia), para as plataformas de dados das concessionárias de serviços públicos. Tudo isso sem a necessidade de intervenção humana.

Medição avançada
Esses medidores inteligentes permitem a comunicação bidirecional de dados entre o consumidor e a empresa de serviços públicos. Eles são capazes de medir, armazenar e transmitir informações detalhadas sobre o consumo de energia em intervalos de tempo específicos, por hora e até por minuto.

Esses dados podem ser acessados remotamente pelas utilities, eliminando a necessidade de visitas físicas para leitura dos medidores.

Com esses avanços, a gestão dá um salto significativo em eficiência operacional e energética, facilitando a detecção de falhas na rede, gerenciamento de demanda e integração de fontes de energia renovável. Resultam ainda em uma melhor utilização dos recursos energéticos, redução de perdas e melhoria da qualidade do serviço.

Os benefícios, proporcionados por essa nova arquitetura de medição de energia, endereçam às principais dores que levam os executivos em busca de soluções de IoT. Mapeadas na pesquisa da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), as principais demandas apontadas pelos respondentes são o “Nível de perdas técnicas”, citado por 62%, “Nível de satisfação do cliente”, mencionado por 59% e “Tempo de resposta”, com 50%.

Sem dúvida, a AMI pode proporcionar uma melhor experiência ao cliente, quando dá a ele acesso instantâneo às informações. E ainda, em conjunto com outros sistemas de IA e segurança, pode antevê riscos de eventos inesperados, como climáticos extremos, ataques cibernéticos, possibilitando preparar a equipe e traçar planos de pronta resposta a incidentes.

A implementação de redes AMI, no final do dia entrega uma gestão muito mais eficiente da energia, com detecção de falhas, identificação de padrões de consumo e tarifação mais precisa, detecção de fraudes, entre outros ganhos.

O futuro hoje
A implementação de uma rede AMI requer muita habilidade em integração e gestão de projeto. Isso porque precisa reunir um ecossistema de parceiros altamente qualificados, atuando em harmonia, tal qual uma orquestra, cada um regendo seu instrumento com eficiência, de maneira uníssona.

Em projetos de redes AMI, a atenção maior é voltada para a formação de times de alta performance, certificados, em que impera a diversidade de competências e habilidades, que vão desde especialistas em legislação do setor e de normas que envolvem a agenda ESG, times de campo e de suporte remoto, engenheiros de redes, desenvolvedores de aplicações, entre outros.

E se pensarmos em fortes aliados para potencializar ainda mais o poder das redes AMI, a Inteligência Artificial (IA) está no topo da lista. Com a tecnologia, é possível coletar, processar e analisar grandes volumes de dados em tempo real, gerados pelos medidores inteligentes e outros dispositivos conectados à rede, como sensores de IoT.

Esses dados podem ser usados para identificar padrões de consumo de energia, prever a demanda futura e detectar anomalias na rede de distribuição. Isso pode ajudar as empresas a otimizar a distribuição de energia, melhorar a eficiência energética e reduzir os custos operacionais.

Os medidores podem detectar se tem veículo elétrico recebendo carga de energia na casa, por exemplo, horários que são carregados, antever possibilidades de picos de consumo em determinados horários e evitar apagões, mapear hábitos de consumo e um ponto interessante de tudo isso: esses dados podem ser monetizados. Mas é preciso virar a chave para esse futuro, hoje. Pense nisso.

(*) Gerente de Tecnologia IoT. (**) Arquiteto de soluções para vertical de Utilities.