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O empoderamento feminino pelo olhar de pequenas empreendedoras

em Destaques
domingo, 18 de setembro de 2022

Juliana Amoroso (*)

Quando elaboramos o programa de aceleração de mulheres junto com a Rede Mulher Empreendedora (RME) não sabia o quanto poderia me impactar.

O ‘Elas Prosperam’ é uma iniciativa voltada a mulheres empreendedoras de todo o país. Pelo fato de trabalhar no segmento de pequenos negócios, percebi a oportunidade de conectar o mundo financeiro e o lado social. O programa acaba de concluir sua terceira edição e oferece cursos de capacitação, plano de aceleração do negócio e uma premiação às cinco finalistas investirem em suas atividades.

Reconheci ali uma diversidade de negócios que é enorme, e vou citar algumas aqui pra que vocês tenham um pouco mais dessa percepção: são doulas, cozinheiras, advogadas e escritoras, que trabalham com causas e temáticas de diversidade e inclusão, entre outras.

Um fato que acho valioso ressaltar é que elas criaram seus negócios sozinhas, com as ferramentas que tinham ou puderam ter acesso, mas em suma maioria com pouco ou nenhum capital. Mais da metade das participantes nunca havia feito um curso ou formação em gestão. Daí a relevância do programa.

De acordo com o levantamento realizado, 67% das selecionadas nunca fizeram um curso ou formação em gestão, enquanto que para 64% o negócio não é formalizado. Já 18% das empreendedoras trabalham em outras empresas, além do próprio negócio. Ainda segundo essa pesquisa, 78% das empreendedoras faturam em média de 0 até R$1.500,00 mensalmente no negócio.

Para 71% delas, conseguir capital para a empresa é um dos principais desafios do negócio, a seguir 55% afirmam que um dos maiores obstáculos é administrar melhor a gestão e 42% dizem ter dificuldades em conhecer seus clientes e aumentar vendas. O impacto dos resultados na vida dessas mulheres é gigantesco. Elas superaram barreiras pessoais, sociais, familiares e continuaram tocando seus negócios.

Apesar de uma série de obstáculos, elas foram se empoderando cada vez mais, permanecendo criativas, convincentes e participativas, tentando olhar para o lado positivo das coisas. Isso me mostrou o poder da Autoconfiança.

Ficou muito claro para mim que quando essas mulheres têm oportunidade, seja por meio de cursos, do reconhecimento, da valorização do trabalho delas, passam a se posicionar de forma muito mais consistente, identificando com maestria pontos fortes, os diferenciais do serviço ou do produto que têm, e assim elas vão longe.

Validou algo que eu já acreditava, não há resultado sem esforço e quando se é determinada e resiliente o resultado vem. Ainda sobre confiança e colaboração, aqui está algo que, em mulheres, é ainda mais latente a tal da “síndrome da impostora”.

Percebi que não importa o quão preparadas elas estivessem para apresentar seus negócios, sempre batia uma insegurança e nesse caso o papel dos mentores era fundamental para reforçar os pontos fortes de cada uma.

Trazendo para o mundo corporativo por diversos momentos já passei pela mesma situação, e nessa hora, contar com a minha rede de apoio também foi fundamental.

Aliás essa foi mais uma das belezas desse programa pois vi nitidamente essa rede de apoio sendo formada.

Essa rede de apoio numa perspectiva ampliada do conceito de rede. As empreendedoras do programa atuam como comunidade, buscando formas de trabalhar em conjunto. Elas se incentivam mutuamente, dividem o que fazem com o grupo de participantes, compartilham melhores práticas. Essa percepção de compartilhamento as fizeram perceber que juntas podiam ir mais longe.

A partir desse apoio mútuo, elas se aprofundaram em toda a questão cultural, de gênero, de classe vividas por cada uma, e isso gerou mais união do que competição, mesmo num cenário em que elas concorriam a um prêmio para alavancarem seus negócios.

Aprendi com elas a dar ainda mais importância ao trabalho em equipe. Além da aproximação entre as participantes, o programa tem outro desdobramento interessante, e não previsto inicialmente, que são as parcerias entre as mulheres empreendedoras. Nosso papel é potencializar o poder da rede para além dos pagamentos, viabilizando uma rede capaz de fazer prosperar os negócios delas.

Quando apoiamos uma mulher empreendedora, apoiamos toda uma comunidade que existe ao redor dela, formada pela família, vizinhos e amigos. Isso produz um impacto social que faz a diferença na vida de todos. É uma grande satisfação ver esse efeito multiplicador.

(*) – É gerente de Soluções da Visa.