Marco Lazarini (*)
O mercado de packaging (acondicionamento secundário e re-embalagem) já soma mais de US$ 1 trilhão mundialmente, sendo uma etapa do processo logístico fundamental para proteger o produto ao longo de seu percurso até o consumidor: pós-produção, armazenagem, transporte e delivery.
Com a pandemia, esse papel cresceu ainda mais visto que grande parte dos produtos passou a ser entregue de forma individual na casa dos consumidores, perfil logístico que exigiu adaptações e estratégias ainda mais sofisticadas. Não por acaso, um estudo da DHL de 2019 já apontava que 9 entre 10 executivos de logística esperavam que a estratégia de packaging teria um papel importante em seu negócio em um futuro próximo.
Com a grande inflexão provocada pela pandemia esse futuro chegou mais cedo, com o e-commerce mantendo níveis elevados de demanda, a disseminação mais intensa de valores sustentáveis e busca incansável do consumidor por níveis altíssimos de serviço nas entregas, seja em termos de agilidade, seja em relação à qualidade.
Fica claro, portanto, a necessidade de inovar e buscar modelos de negócios que possam atender com eficiência e confiabilidade a esses desafios. Uma estratégia que desponta com grande potencial — e ainda muito pouco explorada aqui no Brasil — é a integração dos processos de packaging à cadeia de suprimentos.
Esta abordagem sai na frente desde o início ao eliminar um elo da cadeia de suprimentos — o trecho fábrica ou armazém até o fornecedor de embalagens –, o que por sua vez proporciona ganhos em termos de time to market, custos com transporte e gestão logística, estoques e perdas. Ao realizar esta etapa no armazém ou estoque de fábrica há também a otimização de ativos imobiliários.
A segunda vantagem, porém, é ainda maior. Com o provedor logístico envolvido deste o princípio, a embalagem é desenhada de forma a ter um aproveitamento logístico maior, na etapa do estoque, da paletização e da cubagem para embarque. Com isso, economiza-se vários fretes e protege-se melhor o produto — pelo dimensionamento, desenho e materiais mais adequados.
Um parceiro adequado viabiliza também construir uma solução completa e personalizada, garantindo menores custos, melhor eficiência, maior qualidade e segurança. Aqui falamos de linhas automáticas de embalagens, como envolvedoras de filme plástico, empacotamento automático de cartonados, etiquetadoras, codificadoras, aplicadores de tags (incluindo nacionalização), sensores de segurança e até robôs colaborativos para movimentação de caixas e montagem de kits.
A DHL Supply Chain, por exemplo, tem aplicado ainda scanners e impressoras 3D para agilizar e aprimorar o desenvolvimento de mockups. O uso mais intensivo da tecnologia é especialmente importante na área de e-commerce que lida com grande granularidade dos pedidos, a realização de promoções relâmpago e grande picos de pedidos, como é o caso da Black Friday. Imagina fazer tudo isso manualmente e sem os sistemas de TI adequados para supervisionamento?
Em uma situação como esta, uma abordagem inadequada de packaging pode provocar atrasos, reclamações e até avarias nos produtos. Por fim, tornar mais sustentável a área de packaging é uma questão que envolve metas sustentáveis das empresas e um diferencial competitivo para o consumidor. Para isso, é necessário utilizar o menor volume de materiais possível e que eles sejam reutilizáveis, recicláveis ou biodegradáveis.
Mais uma vez, contar com um parceiro experiente faz a diferença, pois ele traz o aprendizado de outras indústrias e tem maior poder de compra frente aos fornecedores primários dos materiais com este perfil. Sem contar que, por esta etapa ser realizada junto a armazenagem, não há a emissão de gases em trajetos intermediários.
Ainda no caso da DHL, há o benefício de usar seu network global, com inúmeros casos de sucesso que podem ser rapidamente replicados e acomodados para atender à expectativa do parceiro. Ou seja, repensar a estratégia de packaging das empresas não é algo secundário, é preparar sua estratégia de negócios para uma nova configuração de mercado com características muito próprias e em constante evolução.
Os ganhos financeiros (economia de custos e redução de fretes e avarias) e não-financeiros (maior agilidade, resiliência, flexibilidade, controle e inovação), em várias etapas, são muito elevados e podem proporcionar também um diferencial competitivo e uma estratégia sustentável bem desenvolvidas em relação ao consumidor final, distribuidores, varejistas e até no concorrido ambiente dos marketplaces.
(*) – É Head de Packaging Solutions da DHL Supply Chain na América Latina.