Rafael Caillet (*)
Posicionar peças no tabuleiro de xadrez é uma grande arte em forma de um jogo e esporte disseminados mundialmente. Separado em colunas e fileiras nomeadas por letras e números, o tabuleiro requer grandes habilidades e estratégias avançadas para que uma partida tenha êxito. O xadrez necessita de muita atenção por parte dos jogadores, ou enxadristas – como também são chamados.
O fato é que em nosso cotidiano, assim como no xadrez, temos peças-chave fundamentais para que tudo siga seu fluxo natural. No Direito não seria diferente. A figura do advogado se faz essencial para o âmbito jurídico e sociedade como um todo, mostrando que seu valor se equipara às principais peças do xadrez: o Rei e a Rainha – ou Dama, como também é chamada.
Enquanto o Rei não pode ser eliminado em hipótese alguma da partida, o que ocasionaria uma derrota, o advogado também não pode ser eliminado de processos judiciais, sendo uma peça fundamental em meio às mudanças do setor jurídico.
Assim, a transformação digital é uma realidade e necessita da figura humana para que todo seu potencial seja extraído nas corporações.
Nos escritórios de advocacia espalhados pelo Brasil e por todo o mundo, nota-se a crescente necessidade de renovação do mindset, acompanhando novas tendências de mercado. No tabuleiro do xadrez, essa flexibilidade e grande mobilidade é de domínio da Rainha, que pode se locomover para qualquer casa, sem restrições.
Unindo o valor do Rei ao poder da Rainha, tem-se o verdadeiro potencial do advogado atual: peça que jamais poderá ser tirada do tabuleiro, mas que, ao mesmo tempo, necessita acompanhar o jogo como um todo e saber para qual casa andar.
Em uma realidade a qual a tecnologia mostra sua relevância a cada segundo, extrair recursos atuais, como, por exemplo, Machine Learning, Inteligência Artificial e Cloud Computing, potencializa e valoriza o operador do Direito, ao eliminar atividades repetitivas e redirecionar o foco do profissional para a estratégia. Uma das principais jogadas no xadrez é o xeque mate, expressão que se popularizou ao longo dos anos.
Entretanto, a estratégia é voltada à finalização da partida, quando o enxadrista já não pode mover o Rei, ocasionando o término da disputa.
Por isso, advogado, fique atento: o xeque mate jurídico nada mais é quando a inovação não tem espaço para acontecer. Negar a tecnologia ou postergar o processo de transformação digital é o grande erro dos escritórios. No fim, todo o papel estratégico do Rei falha no simples movimento “xeque”. Embora encarar o adversário e realizar o movimento fatídico do xadrez é um dos grandes trunfos alcançados, no Direito ocorre o oposto. Por isso, destaco que:
• O futuro está em suas mãos: a tecnologia deixou de ser algo de difícil acesso e inalcançável pelas empresas. Hoje, aqueles que não se atualizam e modernizam suas operações automaticamente saem em desvantagem se comparados aos concorrentes presentes no mercado. Por isso, esteja sempre um passo à frente de possíveis tendências e busque métodos de levar a transformação digital efetivamente para dentro do escritório;
• Soft skills são essenciais: ao contrário das hard skills, aquelas que são quantificáveis, as soft skills não são facilmente ensinadas por meio de cursos ou workshops, por exemplo, e têm impacto direto nos negócios. Nesse sentido, o autoconhecimento é o ponto principal para que essas habilidades sejam desenvolvidas, permitindo que cada pessoa explore características únicas no dia a dia.
Como resultado, destacam-se gestões cada vez mais eficazes e estratégicas, elevando todo o potencial humano e mostrando táticas que não podem ser desenvolvidas com fórmulas e regras pré-estabelecidas;
• Já se fala sobre Advocacia 5.0: a transformação no Direito vem sendo notada há anos e, com isso, novos conceitos ganharam espaço. A Advocacia 5.0 surge para balancear a atuação humana com a tecnologia, tendo como principal preocupação as pessoas e suas habilidades que jamais serão substituídas.
A terminologia está conectada diretamente às mudanças na mentalidade jurídica, que, antes, era verticalizada, extremamente formal, seguindo à risca padrões específicos. A concepção da Advocacia 5.0 se deu a partir do modelo de Sociedade 5.0, originado no Japão e disseminado pelo mundo;
• Legal Design é uma realidade e tendência: com o objetivo de aprimorar a experiência de empresas e clientes sobre assuntos jurídicos. O Legal Design é uma ramificação do conhecido Design Thinking, sendo que, na prática, sua aplicação envolve desde a organização e planejamento dos escritórios, tomadas de decisões estratégicas até mesmo aspectos visuais adotados em comunicações.
A técnica busca apoiar advogados em demandas diversas de clientes, facilitando a resolução de problemas rotineiros e auxiliando a relação entre cliente e escritório.
Para finalizar, lembre-se: a mudança cultural será a responsável por fazer com que o Rei e a Rainha continuem sendo bem sucedidos no tabuleiro de xadrez. Abrir o escritório para novas movimentações, aplicando, de fato, a inovação, fará com que seus negócios sigam de forma sustentável e equilibrada.
O advogado é uma das principais peças na sociedade. Esteja pronto para abraçar as transformações.
(*) – É fundador e CEO da Oystr (www.oystr.com.br).