Renata Ankowski (*)
As transformações que a sociedade vem vivendo ao longo dos anos se manifestam de várias formas. Com isso, os mercados financeiro, econômico e empresarial, são fundamentais para o desenvolvimento dos países e das pessoas, também sentem essas mudanças, que muitas vezes vêm acompanhadas de cobranças sociais às corporações, principalmente sobre as ações e práticas desses negócios.
Muitas situações e acontecimentos estão sendo debatidos em busca de transformações rápidas, como foi o caso da COP26, um encontro mundial que ocorreu em Glasgow. Líderes, governantes e representantes do setor privado – de 200 países – se encontraram com o objetivo de discutir temas sobre a mudança climática, acelerar as ações estabelecidas pelo Acordo de Paris e definir metas concretas para um futuro mais sustentável, resiliente e com redução na emissão de carbono.
Nesse sentido, trazemos a discussão do conceito ‘ESG’, que se trata de uma sigla em inglês que pode ser entendida como ‘melhores práticas ambientais, sociais e de governança’. O ESG é uma métrica que indica boas práticas por parte das empresas e que devem tornar o negócio cada vez mais sustentável em suas ações. Ações essas que podem ser voltadas tanto para a proteção e preservação do meio ambiente, como atitudes focadas no social, visando mais inclusão e diversidade nas escolhas de liderança e governança corporativa.
Com os desastres naturais aumentando e os estudos científicos comprovando que a cada dia é mais difícil recuperar a situação ambiental do planeta, um novo comportamento vem sendo observado. Uma característica do Século XXI, muito comum em pessoas jovens é a eco ansiedade. Mesmo ainda não sendo considerada uma doença, a grande preocupação com a situação climática e de degradação da terra tem ocasionado transtornos mentais e psicológicos nas pessoas.
A American Psychology Association (APA) descreveu o novo comportamento como um ‘medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas’, o que acaba gerando uma forte preocupação com o próprio futuro e o das próximas gerações, provocando a eco ansiedade.
Algumas Leis e Estatutos foram estabelecidos ao longo dos anos a fim de fazer algumas reparações históricas e proporcionar menos exclusão e segregação no mercado de trabalho. Mas, mesmo com a Lei da Inclusão e o Estatuto da Igualdade Racial, sabemos que ainda há uma longa jornada a ser percorrida até atingirmos um pouco mais de equidade empresarial. Por isso é tão importante falar sobre ESG, mas principalmente aplicá-lo nas ações dos negócios como um todo.
A agência em que sou COO, além de executar as práticas de ESG em ações internas, está sempre expandindo esses índices aos clientes, que cada vez mais compreendem a importância deste conceito e ficam satisfeitos de entregar ao público ações mais inclusivas, sustentáveis e com respeito à diversidade. Mas, será que o ESG é para a minha empresa? Como posso começar?
As ações que utilizam o ESG podem ocorrer desde pequenas intervenções e atitudes, até em práticas maiores como investimentos e definição de novas metas. Observe o que está acontecendo em volta, o momento do seu negócio, o que está ocorrendo no mundo. Que recurso você, enquanto liderança, tem nas mãos que pode transformar essa situação?
Se a sua empresa faz uma campanha, por que não pensar em pessoas com perfis representativos para estampar a ação como pessoas pretas ou transsexuais? É uma forma simples e que contribui fortemente com o objetivo de inclusão desta meta.
Quando a empresa já é conectada com uma meta presente no ESG, como a Suvinil, um dos clientes que atendemos na agência, podemos explorar essa prática com mais evidência.
Eleita a mais sustentável do Brasil pelo Guia Exame de Sustentabilidade 2019, a empresa já traz o pilar da sustentabilidade em suas ações, então nós executamos práticas nos eventos e projetos deles pensando sempre no impacto ambiental, desde uma produção focada em sustentabilidade, até o descarte dos resíduos. Em 2019, inclusive, produzimos um evento para a Suvinil que foi totalmente zero lixo.
Conforme as empresas vão compreendendo cada vez mais o conceito e importância do ESG, ele vai se expandindo, e devagar vai ganhando o devido reconhecimento. Stands que produzimos para a IBM, no CIAB FEBRABAN, foram premiados por possuir acessibilidade para diversos perfis de pessoas, tanto no acesso ao espaço físico, como nos conteúdos oferecidos durante o evento.
Além disso, a sustentabilidade também esteve muito presente com o uso da economia circular e materiais sustentáveis utilizados na estrutura. Também pensamos muito no descarte dos resíduos pós-eventos. Os principais investidores da tecnologia mundial já apostam em ações ecologicamente corretas, a escolha pela energia renovável é uma das favoritas. Você não precisa começar com grandes ações logo de início, comece pelo básico: meça os índices de sustentabilidade, diversidade e inclusão que há dentro do seu negócio.
Como são suas equipes de trabalho? Quais os pré-requisitos que a sua empresa leva em consideração na hora das contratações? Vocês estão incluindo as minorias? Como é o processo de produção dos seus serviços? Quem são seus fornecedores? Você tem certeza de que não compra de quem apoia o trabalho escravo ou faz descartes nos mares?
Com pequenos questionamentos vamos investigando e entendendo onde precisamos mudar e como podemos começar. As métricas de ESG são fortes aliadas para realizarmos no mundo as transformações que ele necessita e, quem sabe, caminhar com as reparações históricas da nossa construção.
(*) – Formada em Administração de Empresas e pós pela PUC-AR, especialista em gestão de projetos pela ESPM, PMO Agile, Design Thinking e Service Design, é COO na MCM Brand Experience.