O juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, disse ontem (2), que “não é da sua responsabilidade” o fato de o ex-presidente Lula eventualmente poder se candidatar à Presidência em 2018.
Após almoço no hotel Fasano, durante o qual foi homenageado pela Universidade Notre Dame com o mesmo prêmio já concedido até à madre Teresa de Calcutá, Moro foi indagado pelo jornalista Philip Reeves da Rádio Pública Americana, sobre como via o fato de alguém condenado por ele, no caso o ex-presidente Lula, poder se candidatar à Presidência e, eventualmente, se eleger.
“Eu sou um juiz fazendo o meu trabalho na Corte, julgando casos. E o que acontece fora da Corte não é da minha responsabilidade”. Moro condenou Lula a uma pena de nove anos e seis meses de prisão no caso triplex, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente recebido da empreiteira OAS. Nas mãos do juiz da Lava Jato estão em curso, ainda, outras duas ações penais contra o petista, que nega os ilícitos.
Mesmo condenado a pena tão elevada, Lula apela em liberdade junto ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região – o tribunal da Lava Jato. Se a Corte federal confirmar a pena imposta ao ex-presidente ele será incluído na Lei da Ficha Limpa, o que poderá impedi-lo de concorrer em 2018.
Moro disse que em Curitiba, base e origem da grande investigação, a Lava Jato “está indo para o final”. Sob sua alçada estão os réus da Lava Jato sem foro privilegiado. O juiz admitiu que está “cansado” de conduzir tantas ações da Lava Jato na 13.ª Vara Federal de Curitiba, de sua titularidade. Mas afirmou que não pretende parar. “É verdade que estou cansado. Tem sido um trabalho duro, mas não há nenhuma previsão concreta de eu deixar a 13.ª Vara” (AE).