Tauanne Andrade (*)
O Brasil é um país com uma população majoritariamente feminina. Segundo o Censo Demográfico 2022, as mulheres representam 51,5% da população brasileira. No entanto, esse percentual não se reflete na representatividade feminina no mercado de trabalho, em especial no campo do Direito.
De acordo com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as mulheres representam 51,4% dos advogados brasileiros. Esse número é expressivo, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a representatividade feminina em cargos de liderança da profissão. Em 2023, apenas 34,9% das mulheres advogadas eram sócias de capital em escritórios de advocacia.
Isso significa que, apesar de serem maioria na profissão, as mulheres ainda estão sub-representadas nos cargos de decisão. Essa desigualdade de gênero tem consequências importantes para a profissão do Direito. Em primeiro lugar, ela contribui para a perpetuação de estereótipos sobre as mulheres e o seu papel na sociedade. Quando as mulheres estão ausentes dos espaços de liderança, é mais difícil que as suas perspectivas sejam consideradas e que as suas necessidades sejam atendidas.
Em segundo lugar, a desigualdade de gênero no Direito prejudica a qualidade da prestação jurisdicional. A diversidade de perspectivas é essencial para a tomada de decisões justas e equitativas. Quando os espaços de decisão são ocupados apenas por homens, é mais provável que as necessidades das mulheres sejam ignoradas ou negligenciadas.
Por fim, a desigualdade de gênero no Direito também prejudica o desenvolvimento da profissão. A falta de mulheres em cargos de liderança limita as oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional para as advogadas. É importante ressaltar que a representatividade feminina no Direito não é apenas uma questão de justiça social.
É também uma questão de eficiência e eficácia. A diversidade de perspectivas enriquece o debate jurídico e contribui para a construção de um sistema de justiça mais justo e equitativo. Para garantir a representatividade feminina no Direito, é necessário adotar medidas concretas. Algumas dessas medidas incluem:
- Promover a educação e a conscientização sobre a importância da diversidade de gênero na profissão. É preciso desconstruir os estereótipos sobre as mulheres e o seu papel na sociedade.
- Implementar políticas de inclusão e diversidade nos escritórios de advocacia e nas instituições de ensino jurídico. Essas políticas devem garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional que os homens.
- Apoiar as organizações que trabalham pela promoção da igualdade de gênero na profissão. Essas organizações desempenham um papel importante na conscientização e na mobilização da comunidade jurídica.
A representatividade feminina no Direito é uma questão essencial para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Ao garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de ocupar cargos de liderança, estamos contribuindo para a construção de um sistema de justiça mais representativo e eficaz.
Além das medidas citadas acima, é importante destacar também a importância da mentoria e da rede de apoio para as mulheres advogadas. A mentoria pode ajudar as mulheres a desenvolverem as suas habilidades e a se sentirem mais confiantes para ocupar cargos de liderança. A rede de apoio, por sua vez, pode fornecer suporte e orientação para as mulheres que enfrentam desafios na profissão.
A representatividade feminina no Direito é uma luta que deve ser travada por todos os que acreditam em uma sociedade mais justa e equitativa. Ao apoiarmos as mulheres advogadas, estamos contribuindo para a construção de um futuro melhor para todas as mulheres.
(*) – Advogada e fundadora do Ela Jurista (https://elajurista.com.br).