Fátima Merlin (*)
É notório que, apesar de todos os desafios e barreiras, com muito esforço, as mulheres vêm, ainda que de passo em passo, conquistando o seu espaço no mercado de trabalho, em especial, quando se trata de cargos de liderança.
Preconceitos, vieses inconscientes, questões culturais, maternidade, autoritarismo, discriminação, subserviência, o papel de coadjuvante, a necessidade de mostrar muito mais trabalho que o homem e de desenvolver um estilo de liderança mais masculino, além de diferenças salariais, são alguns dos desafios e barreiras a serem suplantados.
Apesar da forte presença do tema liderança feminina na agenda corporativa, e de toda evolução quando se trata de mulheres assumirem postos no topo das empresas, as estatísticas são ainda mais desanimadoras.
No varejo, esses dados não são diferentes: embora tenhamos grande presença de mulheres em lojas (atendentes, operadoras de caixa, balconistas, entre outros), quando se trata da presença delas em cargos de liderança, a participação ainda é bem restritiva sendo menos de 6%.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Mulheres do Varejo (IMDV), realizada entre 2019 e 2020, com 150 profissionais mulheres da área, só reforça as estatísticas. 80% das executivas classificam o papel da mulher como primário e em desenvolvimento e 78% dizem que o nível de esforço para alcançar cargos de direção é muito alto.
Lembrando que, em muitos casos, em especial no varejo alimentar e farma, a mulher tem um papel relevante no processo decisório: mais de 80% das decisões de compras estão nas mãos delas, o que representa, a maioria dos shoppers destes canais.
Embora distante de protagonizar o papel que nos cabe no mundo de negócios, em especial, no tocante ao varejo, o fato é que a diversidade precisa estar inserida e integrada à cultura das organizações.
Não à toa, para acelerar este processo e dar mais oportunidade para mulheres em cargos de liderança, temos acompanhado o surgimento de inúmeras iniciativas e movimentos
Como realização de estudos e investimentos na promoção, divulgação e a conscientização sobre o tema; troca de conhecimento e informações; capacitação e mentorias; empoderamento e autoestima; união de homens e mulheres em prol da diversidade; além do investimento em ações que ajude a todos em mudança de mindset e cultura.
Você pode estar se perguntando: “Por que vale a pena investir nessa diversidade”? Bem, de acordo com o relatório “Women in Business and Management: The business Case for Change”, em um estudo feito com 13 mil empresas, em 70 países:
• 57% concordam que iniciativas de diversidade de gênero melhoram os resultados dos negócios;
• 2/3 das empresas que investiram em diversidade de gênero relatam aumento do lucro entre 5% e 20%;
• 57% disseram que é mais fácil atrair e reter talento;
• 54% disseram ter visto melhoria na criatividade, inovação e reputação da empresa;
• 37% consideram que essas iniciativas permitem avaliar com mais eficiência a visão do cliente.
Entre as companhias com diversidade, o relatório também apurou que 21% delas são mais propensas a terem lucratividade acima da média em relação às companhias com pouca diversidade na liderança.
A transformação está em curso, o que nos falta é sermos protagonistas das nossas escolhas, ousar mais e nos arriscarmos mais. Como dizia Madre Teresa de Calcutá, “quem olha para fora sonha; quem olha para fora desperta”.
(*) – É embaixadora da IZIO&Co e fundadora e CEO da Connect Shopper (http://connect-shopper.com.br/).