Um dos maiores especialistas em Previdência do País, o economista Fábio Giambiagi disse ontem (9), que, se houver vontade política, o próximo presidente da República terá legitimidade conferida pelas urnas para endurecer a proposta de reforma das aposentarias.
“Com a legitimidade que o próximo presidente terá após a elevada participação cívica, se ele estiver disposto a bancar uma reforma dura, terá espaço para fazer isso. Saberemos em janeiro”, comentou Giambiagi ao participar de webinar transmitido pela consultoria GO Associados sobre a reforma previdenciária e o pós-primeiro turno.
Na avaliação do economista, pela resistência histórica do PT à reforma da Previdência, o caminho natural num governo Fernando Haddad – caso o petista seja eleito – será retomar a proposta parada na Câmara. Já no caso de vitória de Jair Bolsonaro, o economista vê maior possibilidade de endurecimento da matéria, dado o respaldo do Congresso com a vitória de candidatos apoiados pelo presidenciável do PSL nas eleições para Câmara e Senado.
Para Giambiagi, Bolsonaro alcançou uma liderança política que não se via desde a chegada ao poder do ex-presidente Lula. “Se souber encaminhar a negociação com o Congresso, ele, Bolsonaro, consegue aprovar o que quiser”, disse o economista, ponderando, contudo, que a estratégia do capitão da reserva de recusar a negociação com as cúpulas partidárias não é inteligente.
No “varejo”, observou Giambiagi, Bolsonaro teria que fazer 330 negociações na Câmara para conseguir uma margem segura para colocar em votação emendas constitucionais, cuja aprovação depende do aval de pelo menos 308 deputados (AE).