O ministro da Agricultura da Itália, Gian Marco Centinaio, anunciou ontem (15) que o setor agrícola italiano se opõe fortemente ao acordo comercial, firmado em junho passado entre a Comissão Europeia e o grupo de países sul-americanos do Mercosul.
Durante coletiva de imprensa em Bruxelas, o político expressou “forte preocupação” e disse acreditar que o governo italiano irá se opor ao tratado, que precisa do voto da maioria dos países da UE para ser aprovado.
Para Centinaio, “dizer sim ao Mercosul significa colocar uma arma apontada para a cabeça” do setor agrícola italiano, porque não oferece garantias. A declaração do ministro da Agricultura foi dada pouco tempo antes de uma reunião com representantes de outros países europeus para discutir, pela primeira vez a nível político, o acordo da UE com os países (Argentina, Brasil, Paraguai e Ururguai), que pertencem ao bloco comercial latino-americano.
“Não nos beneficiaremos. Não seremos protegidos e teremos uma invasão de produtos a curto, médio e longo prazo. Não há um no mundo agrícola que me diga que é favorável”, afirmou. Centinaio ainda ressaltou que expressou a “oposição do mundo agrícola italiano” para o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, e aos vice-premiers, Matteo Salvini e Luigi Di Maio. No entanto, ‘outros setores econômicos parecem apreciar isso’. “Vamos ver quem está certo”, concluiu.
A Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti), que representa o setor agrícola na Itália, também criticou o acordo comercial. Apesar de as negociações terem durado 20 anos, a entidade disse que o tratado é fruto de um “compromisso intempestivo” e traz “evidentes criticidades para o setor agrícola” (ANSA).