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Investir no exterior não é para mim. Será?

em Destaques
sexta-feira, 31 de julho de 2020

Bruna Allemann (*)

Todo investimento que você fizer deve depender de onde, quando e quanto você investe, além do seu perfil: suas circunstâncias, responsabilidades, objetivos de curto e longo prazos, renda, passivo circulante etc. Isso minimiza perdas, mas não exime de riscos.Portanto, antes de investir, pense com muito cuidado sobre esses fatores.

Além disso, faça sua pesquisa e, se possível, analise fatores como proteção, diversificação e oportunidade. Afinal, investimentos bem-sucedidos são sobre gerenciar riscos, e não os evitar. Separei algumas dicas para maximizar esse sucesso globalmente:

1.Economize primeiro e depois invista – Quanto você gasta depende do seu estilo de vida e das circunstâncias pessoais. Uma auto análise dos seus padrões gerais de gastos é muito importante neste momento. Portanto prepare um orçamento semanal ou mensal e cumpra-o. Fazer algumas perguntas a si mesmo pode ajudar: quais são minhas despesas atuais? Quantas são fixas e recorrentes? Alguma delas pode ser eliminada ou reduzida? Quantas dessas despesas são variáveis? Essa é provavelmente a pergunta mais importante a ser respondida, porque é aqui que a maior parte de suas economias pode ser obtida.

Além disso, adicione suas despesas discricionárias, ou melhor dizendo, supérfluas (é bom ter) ao seu orçamento. Isso ajudará você a limitar essas despesas, para que as outras essenciais (indispensáveis) não sejam afetadas. Depois de criar um orçamento de gastos, você saberá quanto pode economizar. Deixe esse dinheiro de lado para emergências e não o toque a menos que seja absolutamente necessário.
É necessário dividir a sua renda em três categorias: gastar, economizar e investir.

  1. Conheça seu próprio perfil de risco ou o retorno esperado antes de investir – É essencial conhecer a si mesmo antes de fazer investimentos, principalmente se for no exterior. Dependendo de suas despesas, economias e responsabilidades financeiras, faça estas perguntas a você mesmo primeiro: qual é a sua capacidade de assumir riscos? Quanto dinheiro você pode perder se o seu investimento for aniquilado, por exemplo, devido a flutuações da taxa de câmbio? O que você consideraria um bom retorno?

Pessoas diferentes têm perspectivas diferentes quando se trata de risco e retorno. Um retorno do investimento de 10% em um título do governo, de baixo risco, é um retorno aceitável para você ou prefere investir no mercado de ações que é mais volátil e, portanto, mais arriscado, mas que pode proporcionar retornos mais altos? Que linha do tempo você está considerando?

  1. Evite ouvir conselhos de “especialistas” oferecidos por amigos e simpatizantes. A melhor pesquisa é a sua – As pessoas da sua rede pessoal e profissional podem ter ou não conhecimentos financeiros para aconselhá-lo. Mas não invista apenas parte do seu dinheiro suado com base nos conselhos, recomendações ou ‘dicas quentes’ de alguém.

Se você pedir conselhos financeiros a outras pessoas, lembre-se de que as recomendações serão coloridas por seus próprios preconceitos e crenças, bem como pelo entendimento limitado de você e da sua situação. Faça sua própria pesquisa através de fontes confiáveis. Além disso, invista com base no seu perfil de investidor. Coloque seu chapéu de ‘pensamento crítico’ e aprenda a separar o joio do trigo!

4.Converse com um consultor de investimentos certificado para alinhar suas expectativas e conhecimento – O consultor deve aconselhá-lo sobre as melhores opções de investimento para você, bem como sobre seus passivos fiscais, responsabilidades e riscos. Ele também deve fornecer informações atualizadas sobre as leis de seu país de origem e caso você invista no exterior, também sobre o modelo de mercado (risco x retorno) e tributação internacional. No entanto, lembre-se de que esses são seus investimentos, não os de seu “orientador” ou “consultor”. Portanto é fundamental acompanhá-los e, se necessário, reverte-los, já que são de sua responsabilidade.

5.Não coloque todos os seus ovos em uma cesta, crie um portfólio globalmente diversificado para aumentar ou diminuir seu risco, melhorar sua performance e proteger sua carteira – Um risco é um elemento inevitável de todo investimento financeiro e os que são feitos no exterior não são exceção a esta regra. No entanto, quando você investe seu dinheiro em um país estrangeiro, há um risco adicional de que você deve estar ciente dele: forex.

Trata-se de perder dinheiro devido a flutuações nas taxas de câmbio. Porém dependendo da escolha da moeda, pode ser um efeito inverso (ganhos não só pelo investimento, como também na valorização da moeda investida). Investir em várias moedas e instrumentos ajudarão você a aumentar seu risco e aumentar suas chances de obter lucro, protegendo sua carteira.

Antes de investir, lembre-se do simples princípio econômico de risco e retorno – qualquer investimento que ofereça recompensas futuras muito altas a investidores estrangeiros, provavelmente envolve muito risco. Invista em países com baixos índices de dívida, PIB e moedas crescentes. Além disso, verifique os padrões de volatilidade e as taxas de câmbio passados da moeda em relação a sua moeda local. Esses pontos fornecerão uma ideia melhor de como pode ser arriscado ou não investir em moeda estrangeira.

6.Invista no exterior, mas cuidado caso não esteja atrelado aos seus objetivos futuros – É ridiculamente fácil exagerar nos investimentos estrangeiros, principalmente se você está ganhando atualmente com eles. Se você tiver algum, lembre-se de que um mercado maravilhoso de “touro” com fins lucrativos nesse novo ativo, de um outro país, pode se transformar rapidamente em um mercado de “urso” indutor de perdas, devido a vários fatores, como condições políticas globais, relações internacionais entre países, mudanças nas realidades do mercado, novas tendências tecnológicas, entre outras questões.

Fique de olho nos seus investimentos e saia, se necessário. Mais uma vez, a pesquisa é crítica. Encontre as melhores opções de investimento, invista de acordo com seu perfil de risco-retorno e mantenha um portfólio diversificado de instrumentos e países.

7.Procure Hedge Funds como alternativas de proteção também – É importante entender que as moedas, diferentemente de ações ou títulos, são um jogo de investimento com ‘soma zero’ e ‘relativo’. Isso significa que em um par de moedas, quando uma moeda se valoriza, a outra deve necessariamente se depreciar. É por isso que o hedge é uma boa estratégia para investimentos estrangeiros. A cobertura permite que os investidores fixem o preço de compra de um instrumento e minimizem efeitos adversos de futuras flutuações da taxa de câmbio.

Você pode fazer isso investindo em ativos no exterior com proteção de moeda, como fundos mútuos de moeda ou ETFs (Exchange Traded Funds), opções de moeda, futuros ou a prazo. Embora os ETFs cobertos por moeda sejam um pouco mais caros que os ETFs sem cobertura, eles também são menos voláteis e, portanto, mais capazes de protegê-lo contra perdas induzidas pela flutuação da moeda.

(*) – É Diretora de Investimentos e Capital Markets de uma grande empresa americana (@bruallemann) ou conecte-se no LinkedIn.