Ao longo da última década, o cenário de moedas digitais evoluiu significativamente. Desde a criação do Bitcoin em 2008, as criptomoedas passaram de ativos especulativos a players significativos no sistema financeiro. Essa transformação desencadeou uma revolução regulatória em todo o mundo, à medida que os governos buscam equilibrar o potencial inovador desses ativos digitais com a necessidade de proteção ao consumidor e estabilidade de mercado.
Entretanto, ao olhar para o futuro, o foco se volta para o mercado de originação financeira, pronto para uma transformação semelhante à revolução que as fintechs trouxeram a serviços como câmbio e crédito. Com 12 iniciativas transfronteiriças explorando moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), a corrida pelo futuro do dinheiro está em pleno andamento.
De acordo com Tiago Piassum, fundador da Rivool Finance, fintech focada no mercado de crédito privado no setor agrícola brasileiro, o ano de 2024 pode ser um marco positivo para o setor financeiro. “Talvez uma das mudanças mais aguardadas do século, e à medida que a integração de tecnologia e políticas acontecem, isso pode redefinir como as finanças globais operam daqui para frente”, explica.
Recentemente, a Atlantic Council – think tank norte-americano especializado em relações internacionais, que visa o impacto real por meio de pesquisa e métodos inovadores – apresentou em um estudo revelando que hoje 131 nações, representando 98% do PIB global, estão envolvidas no desenvolvimento de CBDCs. Dessas, 64 estão na vanguarda, na fase de desenvolvimento, conduzindo testes-piloto ou já lançaram suas CBDCs.
Isso é um salto animador, pois em maio de 2020, este número representava apenas 30%. Ao afunilar, colocando apenas países do G20, percebemos que as nações não estão ficando para trás nessa corrida digital, já que 19 de seus membros estão navegando pelos corredores avançados do design de CBDC, com 9 já na fase de testes. “Nos últimos seis meses, houve um aumento constante de recursos e progresso entre essas potências econômicas”, explica Piassum.
Entre os países que estão liderando esta corrida, a China está explorando todas as possibilidades em seu piloto abrangente. Cobrindo 260 milhões de seus cidadãos, o programa está testando a utilidade da moeda digital em mais de 200 cenários do mundo real, desde tarifas de transporte público até transações de comércio eletrônico. O Banco Central Europeu está se preparando, com um piloto do Euro digital no horizonte.
Mais de duas dezenas de países, incluindo potências como Austrália, Tailândia e Rússia, estão se preparando para pilotos de CBDC. Enquanto isso, Índia e Brasil têm a mira em um lançamento em 2024. “Embora o momento da CBDC de varejo nos EUA pareça ter pausado, seus colegas do G7, liderados pelo Banco da Inglaterra e o Banco do Japão, estão a todo vapor — elaborando projetos de CBDC e lançando extensas consultas sobre preocupações como privacidade do usuário e estabilidade financeira”, explica o especialista.
Para Piassum, o foco dos EUA pode ter se deslocado para a área de CBDCs no atacado, especialmente para transações entre bancos. As tensões geopolíticas testemunhadas durante a incursão da Rússia na Ucrânia e as subsequentes sanções do G7 aceleraram inesperadamente projetos de CBDC no atacado. No cenário em constante evolução das moedas digitais, a convergência entre inovação e dinâmica regulatória define uma nova era na finança.
À medida que a marcha global das criptomoedas continua, as empresas na vanguarda compreendem o delicado equilíbrio necessário para navegar por esse terreno complexo. Ao reconhecer o potencial das moedas digitais e o papel crucial da regulamentação, nos encontramos no meio de uma jornada transformadora. O desenvolvimento contínuo das CBDCs destaca um compromisso global em remodelar paisagens financeiras.
Essa era exige adaptabilidade e visão de futuro, e aqueles preparados para prosperar são os que aproveitam tecnologias inovadoras de forma responsável. A jornada pode ser complexa, mas ela oferece oportunidades para as empresas abraçarem a mudança, garantindo conformidade com regulamentações em constante evolução, ao mesmo tempo em que oferecem acesso seguro e eficiente a mercados dinâmicos.
A marcha das criptomoedas é um chamado à inovação, e aqueles que respondem serão instrumentais na definição de um cenário onde o progresso é impulsionado tanto pela oportunidade quanto pela responsabilidade regulatória. – Fonte e mais informações, acesse: (https://www.rivool.finance).