Camila Rossi (*)
Atualmente, a competitividade do mercado de trabalho demanda profissionais cada vez mais qualificados. Mas, o que é ser um profissional competente? De acordo com um levantamento realizado pelo site de recrutamento CareerBuilder, as habilidades sociais são consideradas tão importantes quanto as técnicas no dia a dia de trabalho por 77% das empresas.
Além disso, uma recente pesquisa desenvolvida pela empresa PageGroup revela que as habilidades comportamentais mais valorizadas por líderes empresariais da América Latina são trabalho em equipe, inteligência emocional e comunicação assertiva, sendo que no Brasil, a inteligência emocional é considerada a mais importante delas. Nesse sentido, o setor educacional possui um papel fundamental para a formação integral de um profissional competente.
Para atender às exigências atuais do mercado é imprescindível aplicar ferramentas educacionais desde a Educação Básica a fim de desenvolver no indivíduo, além das competências cognitivas, uma inteligência emocional consistente e prepará-lo por completo para os desafios.
Da mesma maneira, a educação socioemocional pode auxiliar no desenvolvimento das soft skills, habilidades comportamentais relacionadas à maneira como uma pessoa se relaciona com a outra e como lida com suas próprias emoções, ao mesmo tempo. Tanto é que, hoje em dia, as soft skills são muito mais valorizadas no ambiente de trabalho em comparação às hard skills, consideradas as aptidões técnicas de um profissional.
O período escolar é a fase em que os estudantes absorvem a maior parte do conhecimento e experiência que irão levar para a vida pessoal e profissional. Portanto, investir nesta etapa pode ser decisivo no presente e futuro. As habilidades mais complexas podem ser aprimoradas nesse período e de forma colaborativa, tais como, argumentar e criticar com embasamento, e pesquisar de modo aprofundado e criterioso.
Este processo deve ocorrer de forma prática, mas sistematizada e como intencionalidade, para trazer resultados eficazes à aprendizagem do indivíduo, que por sua vez, é o centro de todo este processo. Ou seja, no desenvolvimento socioemocional, as aprendizagens são avaliadas por meio de evidências e não pela quantidade de erros e acertos em uma prova ou teste.
Sendo assim, uma escola que conduz ações para a formação do estudante investindo em suas habilidades, competências cognitivas e socioemocionais, desenvolve, consequentemente, a inteligência emocional daquele estudante. Tais competências podem ser trabalhadas a partir das atividades propostas no cotidiano, com olhar e intencionalidade formativos, e podem ser avaliadas por rubricas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, entre as doenças ocupacionais da Classificação Internacional de Doenças (CID). Nesse sentido, as mudanças trazidas pela pandemia, como o isolamento social e subsequente trabalho remoto, aumentaram a carga de trabalho de diversos profissionais.
Este contexto apenas reforça a importância da inteligência emocional para lidar com momentos de pressão e carga de trabalho multiplicada. Desta forma, para prevenir este diagnóstico no futuro, as instituições de ensino devem cada vez mais se atentar às individualidades de cada aluno para entender o que ele precisa no momento, além de realizar iniciativas de acolhimento, como rodas de conversa, assembleias e grupos focais para fortalecer o cuidado individual e coletivo.
No mesmo sentido, incentivar a autoconsciência, resiliência e o cuidado consigo mesmo também são objetos de conhecimento que possibilitam o desenvolvimento de estratégias de proteção ou de enfrentamento a situações novas ou desafiadoras.
Assim, uma instituição que se preocupa com a formação integral de seus alunos e prioriza o desenvolvimento da inteligência emocional para prepará-los para o atual e exigente mercado de trabalho deve considerar seis pontos importantes em sua metodologia de aprendizagem: autogestão, relacionamento interpessoal, autoconsciência, abertura ao novo, projeto de vida e consciência social.
Ao desenvolver cada um desses aspectos durante todo o processo de formação educacional de um indivíduo, certamente, garantirá no futuro um profissional capacitado não apenas técnica, mas também emocionalmente, capaz de perceber e responder às exigências atuais com sensibilidade e prontidão para fazer a diferença no mundo.
(*) – É Coordenadora Pedagógica da rede de colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional disruptiva e alinhada às principais tendências do mercado de educação.