As mudanças de rumo da economia chinesa são oportunidade para mudar a relação entre Brasil-China, na opinião do embaixador Roberto Jaguaribe, que assume o posto na China no mês que vem.
“A China já está ciente da incapacidade de ser o que planejava há 20 anos: o santo global de manufatura de tudo. Eles estão cientes de que é necessário investir em produção fora do país. E o Brasil é candidato importante e natural para avançar neste mercado”.
Com o fim do boom das commodities e a desaceleração da economia chinesa, o Brasil precisa atrair investimentos chineses em outras áreas, sendo as mais promissoras, segundo o embaixador, infraestrutura e produção de alimentos. A China está intensificando o processo de urbanização, o que aumenta a demanda por produtos industrializados agrícolas e de produção animal, áreas com potencial de expansão para o agronegócio brasileiro.
Jaguaribe disse que o Brasil ainda quer ampliar os investimentos em infraestrutura, energia e ciência e tecnologia. Antes de assumir o cargo, ele está passando por uma romaria entre os ministérios. “Essa conjuntura de volatilidade que vemos nos dois países não afeta os compromissos já assumidos, nem a ampliação do potencial da relação”, afirma. Assim como o Brasil, a China enfrenta desafios econômicos. Uma combinação de fatores levou à deterioração das expectativas: mesmo com estímulos, a desaceleração da atividade se agrava, queda na bolsa, saída de capitais e incertezas quanto à nova política cambial são alguns dos ingredientes.
Além da relação comercial, o embaixador tem a missão de estreitar o entendimento dos dois países sobre governança global. O País tenta angariar o apoio chinês na defesa do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. A China já declarou apoio à pretensão brasileira, mas na prática ficou na retórica (AE).