Lidinei Selucio (*)
Se falássemos 10 anos atrás que estaríamos vivenciando os avanços tecnológicos dessa forma, você acreditaria? Parecia distante a ideia de termos nas mãos um aparelho que nos dá rápido acesso à informação, ou até mesmo imaginar que a conectividade faria parte do dia a dia das organizações, fortalecendo ainda mais a transformação digital. Atualmente, vislumbramos com espanto os impactos da Indústria 4.0, almejamos atingir a 5.0, mas já podemos, desde já, nos preparar para a Indústria 6.0.
Antes de tudo, precisamos traçar a linha do tempo da evolução da indústria, partindo dos primórdios do século XVIII com a primeira Revolução Industrial, em que foi criada a mecanização e máquinas a vapor. Posteriormente, na fase 2.0, iniciou a era da produção em massa, linhas de montagem e eletricidade. No século XX, marcando a fase 3.0, chegou a automação, internet, robótica e os computadores.
Todos esses avanços fizeram com que a Indústria 4.0 viesse com força total e abrisse margem para facilitar o acesso a diversas tecnologias, possibilitando a combinação de sistemas, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA), marcando a chamada era da digitalização. Contudo, durante essas transições, não podemos deixar de lado o papel da força humana como verdadeiro agente para que hoje pudéssemos presenciar essa nova realidade.
Diante disso, as Indústrias 5.0 e 6.0 são caracterizadas pela integração entre humanos e máquinas, conciliando essa união de forma amigável e ampla, valorizando ainda mais a presença e atuação humana com verdadeiros guias em todos os processos. E, justamente, esse será o desafio a ser enfrentado por líderes e gestores, que precisarão cada vez mais se atentar aos primórdios de gestão, uma vez que, ao lidar com as pessoas, é essencial dar a devida atenção as suas necessidades, características e anseios.
Afinal, mais do que deter de diversos recursos e ferramentas tecnológicas, é fundamental ter alinhado formas de utilizá-los de forma estratégica e eficiente. Ou seja, de nada adianta que uma organização seja altamente tecnológica, sem que haja o elemento humano para colocar na prática tais ações, bem como monitorar e programar os dispositivos para que atuem de acordo com o objetivo da companhia.
Passado todo o entusiasmo da chegada das novas tecnologias que promoveram maior agilidade nas fábricas, a Indústria 6.0 nos chama a atenção para a valorização e aplicação de uma gestão assertiva e ética, colocando as pessoas no centro. Para que chegássemos a essa fase, o pilar da gestão foi o elemento essencial que garantiu as evoluções das fases anteriores descritas – isso porque, sem processo e alinhamento, é impossível poder resultados promissores.
Embora diversas organizações tenham conhecimento dessa importância, muitas ainda são inibidas pela falta de conhecimento e investimento em ferramentas que possibilitem essa transição. O ERP, como exemplo, trata-se de um software de gestão preparado para acomodar essas tecnologias e torná-las acessíveis para as pessoas, de forma que consigam utilizar e identificar o melhor caminho a ser seguido em prol de obter o melhor resultado.
Tendo em vista que essa não é uma tarefa simples, não podemos destacar também o diferencial de contar com uma consultoria experiente nesse processo, cujo papel é agregar ainda mais conhecimento e melhorias nos processos, uma vez que está inserida nessa realidade e possui maior experiência em identificar onde estão os gargalos na companhia que impedem o seu avanço.
Pode parecer futurístico falarmos da Indústria 6.0 enquanto o nosso país ainda engatinha para aprender a lidar com os rumos da 4.0. Afinal, de acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), menos de 2% das empresas nacionais estão prontas para a quarta revolução.
Mas, uma coisa é certa, a brevidade e aceleração da transformação digital nos coloca em um cenário que nações vivenciem as diferentes fases da evolução da indústria simultaneamente. E o que isso nos favorece? No ganho de tempo para nos prepararmos e utilizarmos os demais como exemplos para garantirmos maior assertividade.
É certo que jamais podemos deixar de lado ou valorizar a ajuda que a tecnologia agrega diariamente nas organizações, possibilitando maior agilidade, emissão de dados, relatórios mais rápidos, entre outros benefícios. Todavia, esses benefícios deram maior margem para que os colaboradores tivessem tempo de ser criativos e explorarem ainda mais as suas qualificações.
Por isso, os gestores precisam, o quanto antes, se atentar e conciliar de maneira efetiva os anseios e necessidades da equipe, em prol de unir, de forma assertiva, os aspectos tecnológicos em favor da maior eficiência e valorização profissional. Certamente, estamos trilhando um caminho interessante de se ver a partir dessa integração, mas o que irá garantir um futuro promissor é iniciar, desde já, ações eficazes que garantam o resultado esperado até a chegada da Indústria 6.0.
(*) É head comercial global na Intragroup, consultoria SAP Gold Partner.