Depois do salto de 1,69% em junho, a alta de preços apurada pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) deve abrandar em julho.
Em uma estimativa preliminar, o coordenador do índice e superintendente-adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, prevê que o IGP-M termine o sétimo mês de 2016 abaixo de 1,00%.
“Acredito que o IGP-M tenha atingido o pico em junho. Em julho, começa a ter uma devolução, já que os preços da soja podem ficar mais acomodados”, afirmou Quadros, ao ponderar que o processo de diminuição do IGP-M se mostra mais suave do que o observado em outros choques, em parte por causa do vigor das exportações. “O preço dos produtos agrícolas pode cair mais lentamente, porque a demanda externa está mais robusta. As indicações são que as exportações continuem em alta, o que reduz a força de queda do IGP-M”, explicou.
Por outro lado, o professor aponta uma ajuda adicional à queda do IGP-M em julho pode vir do real mais forte, conforme observado nas últimas sessões. No período de leitura do IGP-M de junho (de 21 de maio a 20 de junho), a taxa de câmbio média foi de R$ 3,51005, queda de apenas 0,34% em relação ao mês de maio. “No IGP de maio, a taxa de câmbio tinha cedido 2,29% e havia ajudado a segurar o índice da disparada da soja. Em abril, a taxa caiu 5,45%, o que fez com que o IGP-M fechasse o mês em apenas 0,33%. Assim, se confirmado este novo nível do dólar mais baixo, o câmbio pode sair da posição neutra de junho e ajudar a abrandar o IGP-M de julho”, afirmou.
O professor acredita também que deve haver ajuda adicional da inflação captada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), que desacelerou de 0,65% em maio para 0,33% em junho. O IPC-M é responsável por 30% do IGP-M. Em 12 meses, a taxa do IPC-M atingiu 8,55%, saindo de 9,09% em maio e 9,12% em abril. “Na inflação em 12 meses do IPC, vimos um movimento de queda, que pode ser acompanhado de uma queda da taxa da inflação oficial do IBGE (o IPCA)”, comentou. “Essa queda do IPC-M ocorre por causa de peso menor do reajuste de cigarros e medicamentos, mas também tem a ajuda da deflação de alimentos in natura” (AE).