O governo exonerou aliados de deputados dissidentes da base aliada que ocupavam cargos na administração federal.
As demissões até agora envolvem apadrinhados de parlamentares do PSDB e do Centrão, grupo integrado por PP, PSD, PR e PTB, e fazem parte da retaliação do Palácio do Planalto aos que declararam voto a favor do prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer.
As exonerações começaram no mesmo dia da votação da denúncia contra Temer no plenário da Câmara, na última quarta-feira (2). Naquele dia, o governo exonerou Thiago Maranhão Pereira Diniz Serrano do cargo de superintendente regional do Ibama da Paraíba. Para o lugar dele, nomeou Bartolomeu Franciscano do Amaral Filho. Maranhão tinha sido indicado para o cargo pelo deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), um dos 21 deputados do PSDB que votaram a favor da continuidade da denúncia contra Temer.
Na sexta-feira (4), o DOU publicou a exoneração do engenheiro Vissilar Pretto do cargo de superintendente regional do Dnit de Santa Catarina. A demissão foi uma retaliação ao deputado Jorginho Mello (PR-SC), um dos nove deputados do PR que votaram pela abertura de investigação contra Temer. Parlamentares que se mantiveram fiéis ao presidente cobram punição a deputados da base aliada que votaram contra Temer.
Integrantes do Centrão ameaçam, inclusive, votar contra a reforma da Previdência, caso não haja retaliação. O argumento é de que, se o governo não fizer isso, deputados leais a Temer na votação da denúncia se sentirão desobrigados a votar a favor da mudança nas regras previdenciárias (AE).