Andreia Dias (*) e Darli Palma Cunha (**)
A transformação digital no mundo corporativo é uma necessidade. Senão, o profissional corre o risco do efeito “go digital or go home” – atualize-se ou a única alternativa será ir para casa.
Transformação é onde a visão dá as mãos para a ação. No mundo corporativo ninguém duvida que o tema transformação é de extrema importância e, por esse motivo, está inserido na agenda de CEOs e CIOs. É explorado (no sentido positivo) e amplamente abordado em diversos fóruns, publicações, seminários e revistas especializadas.
Contudo, muitos ainda se questionam se as ações que estão sendo tomadas, de fato, os levam à transformação esperada. Muitos estão imersos em tecnologias e metodologias de ponta, mas continuam obtendo os mesmos resultados.
Atualmente, temos observado questionamentos semelhantes de CIOs de diversas indústrias: Como devo pensar a transformação da área de TI de forma a apoiar a transformação digital do negócio e onde devo investir? Quais as capacidades de TI devem ser transformadas, repensadas e reorganizadas para habilitar esta transformação?
Em virtude desses questionamentos, 96% dos CIOs afirmam que o seu papel está se expandindo além das responsabilidades tradicionais e já conhecidas. Aqui nasce o CIO Transformativo. Os dados são do State of the CIO, IDG, de janeiro de 2021.
A área de TI precisa se mover na velocidade do negócio. Isso pode, no entanto, causar dívida técnica sob a ótica da tecnologia ou mesmo a necessidade de modificar plataformas e tecnologias como resultado da priorização da entrega rápida sobre o código perfeito.
O aumento desta dívida técnica pode impedir seriamente a capacidade de um CIO de promover a transformação digital no seu ambiente de trabalho. Ao construir uma base operacional e estratégica para a transformação digital, os CIOs precisam desenvolver um plano para renovar a infraestrutura de tecnologia sem interromper o negócio. Em seguida, devem investir, no longo prazo, em melhorias de desempenho em toda a empresa.
Uma fundação digital robusta significa ter uma plataforma integrada de transformação de tecnologia que ofereça uma visão abrangente do negócio em tempo real e ajude a prever, com a ajuda de machine learning (software que permite que a inteligência artificial seja aplicada), o que vem a seguir. Há quatro alavancas que um CIO Transformativo pode usar para habilitar essa transformação digital.
Uma delas é Estratégia. Em termos de criação da estratégia de base digital, as perguntas que o CIO Transformativo pode considerar são: a organização precisa de mais capacidade de nuvem? Existem aplicativos que precisam ser ampliados? Necessita de capacidades DevOps adicionais que a nuvem pode fornecer? O negócio precisa operar mais eficientemente? Essas são apenas algumas das questões que o CIO precisará fazer para decidir sobre a alocação de recursos.
Outra importante alavanca está relacionada a Dados e Tecnologia. O CIO Transformativo precisará estabelecer uma arquitetura de dados adequada ao negócio; definir sua governança e, em seguida, escolher plataformas (por exemplo, armazenamento e computação), aplicativos (recursos corporativos de planejamento, gerenciamento de relacionamento com o cliente, cadeia de gestão de suprimentos) e serviços para oferecer ao negócio (analytics, painéis de indicadores, sandboxes para exploração de dados, inteligência artificial (IA) cognitiva).
Além disso, será necessária a atenção redobrada em relação às práticas, tanto do gerenciamento de dados, com o objetivo de obter os dados mestres, como de verificações de qualidade de dados ao longo do caminho, de forma que o processo de tomada de decisões esteja apoiado em informações precisas.
Também fundamental na jornada da transformação digital é a Força de Trabalho. Existem diferentes particularidades no gerenciamento de dados e aplicativos na nuvem, em comparação a on-premises. Tendo isso em mente, uma empresa provavelmente precisará qualificar sua força de trabalho, ensinando novas competências, e a necessidade de pensar diferente sobre como a empresa consome os recursos de TI.
O CIO transformativo sabe que não deve apenas planejar e manter a infraestrutura existente e legada, mas também precisa decidir onde as tecnologias emergentes melhor se encaixam. Além disso, à medida que as empresas lutam com as consequências da pandemia, os CIOs devem ajudar os líderes do negócio a decidir como preparar seu pessoal para que trabalhe melhor remotamente, tanto agora quanto no futuro.
Por fim e não menos importante são os Fornecedores Estratégicos. A parte final do quebra-cabeça é desenvolver parcerias e alianças estratégicas com provedores de tecnologia. Isso permite que a organização usufrua dos benefícios dos melhores aplicativos e serviços. Além disso, alavancar fornecedores estratégicos pode oferecer economias de escala, especialmente dos gigantes da computação em nuvem que investiram bilhões em infraestrutura e aplicações.
Um CIO precisa ter uma visão clara do futuro e de como fornecedores complementares se encaixam – especialmente aqueles que oferecem modelos “as-a-service”. Quando arquitetado em um modelo de eficiência e eficácia, utilizar fornecedores estratégicos pode ajudar a reduzir custos e executar operações de forma mais eficaz, enquanto beneficia-se de novas soluções à medida que são lançadas.
Todos esses esforços formam o núcleo central de uma fundação digital de sucesso.
(*) – É Associate Partner de Tech Transformation da EY; (**) – É, Gerente de Tech Transformation da EY.