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Gestão de crise: qual o papel da liderança?

em Destaques
terça-feira, 16 de julho de 2024

Thiago Xavier (*)

É natural da existência humana lidar com uma série de dúvidas e crises ao longo de nossa história. No mundo corporativo, essa premissa não poderia ser diferente. Afinal, eventos de menor ou maior grau (como foi o caso da pandemia) estão constantemente suscetíveis de ocorrerem e impactarem as operações empresariais, sejam elas geograficamente distantes ou dentro do próprio ambiente de trabalho.

Nesse sentido, vale o questionamento: qual o papel da liderança na gestão desses eventos para evitar impactos graves ao empreendimento e perante um aprendizado que permita um desempenho melhor das pessoas e do negócio como um todo?

Ao tratarmos de gestões de crise, muitos costumam associar esse termo a cenários externos que geram efeitos nos processos corporativos, como foi o caso do isolamento social. Porém, não podemos negligenciar outras crises que ocorrem dentro da própria empresa e que também podem gerar efeitos extremamente sérios para o crescimento do negócio.

Todas as crises precisam ser gerenciadas igualmente, de forma que a liderança consiga ter uma gestão cada vez mais assertiva perante futuros cenários e, ainda, a adoção de ações preventivas que os ajudem a lidar com esses acontecimentos da melhor forma possível.
Isso foi comprovado em estudo da Gartner, que identificou que 78% das empresas brasileiras que investiram em um plano de gestão de crises após o início da pandemia conseguiram navegar melhor nesse momento.

Pensando nisso, veja três dicas que podem ser de grande ajuda:

  1. – Invista no autoconhecimento – Os profissionais precisam se olhar, em um momento de crise, para terem um entendimento mais profundo de quem são e como se comportam diante destes eventos, para que consigam estruturar reações melhores. Alguns dos questionamentos que podem ser aplicados neste processo de autoconhecimento incluem: qual o seu comportamento diante de uma crise?

Como você lida com seus colegas perante a resolução dos problemas? O que precisa se atentar mais para melhorar seu desempenho? Esses e muitos outros pontos ajudarão a ter uma visão mais clara dos comportamentos individuais nestes cenários de forma que consigam estruturar respostas mais assertivas e planos preventivos.

  1. – Aplique um diagnóstico internamente – Além de se prevenir para minimizar os impactos das crises, aplicar um diagnóstico sob a empresa ajudará a obter insights importantes sobre a forma atual que a liderança age diante desses eventos e a desenvolver um plano de ação melhor ainda.

Alguns dos questionamentos válidos de serem feitos perante a conquista deste mapeamento incluem: a crise foi pontual ou é corriqueira? Quais impactos causa na empresa? Quais aprendizados trouxe para seus membros? Se ela voltar a visitar o negócio, quais competências e habilidades exigirão das equipes para que saibam endereçar esse tema?

  1. – Tenha um olhar mais cauteloso sobre o que é uma crise – Uma dificuldade não precisa ser, necessariamente, um fator econômico externo que gere impactos no mercado como um todo. Ela pode ter graus “menores” e ocorrer internamente como, por exemplo, a demissão de um executivo, ou chegada de um novo concorrente no segmento atuado.

Mesmo que sejam mais silenciosas, não podem ser subestimadas, mas sim receber o mesmo valor e peso do que um evento externo. Ter esse olhar mais cauteloso ajudará a liderança a se prevenir com mais assertividade.

Adotar esses cuidados servirá como uma grande bússola para as empresas, em prol de uma governança muito mais robusta e segura de suas operações. Não encarem as crises como algo apenas negativo, mas como oportunidades de aprenderem e adotarem mecanismos de gestão mais robustos que permitam o desenvolvimento de hábitos e processos mais bem planejados que possibilitem a evolução do negócio.

Nem sempre, as mesmas crises ocorrerão novamente. Por isso, as competências dos times e da liderança precisam ser constantemente aperfeiçoadas, pautadas por um autoconhecimento profundo que fortaleçam a base para a evolução da empresa em seu ramo.

(*) – É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção (https://wide.works/).