Cássio Krupinsk (*)
A estruturação de ativos tem sido um campo desafiador, em que muitos agentes têm possibilidades limitadas devido aos empecilhos do mercado, que acaba favorecendo grandes corporações. A transição de agentes autônomos para corretoras, por exemplo, enfrenta barreiras significativas, desde os altos custos associados à carga tributária até a complexidade do processo de estruturação.
No entanto, uma nova abordagem está emergindo como um facilitador nesse espaço: a tokenização de ativos, que vem ganhando força no mundo todo, principalmente no Brasil. O país, em 2024, sediará as reuniões do G20 e pautará justamente o potencial desse setor e a necessidade das nações atuarem conjuntamente em um sistema interoperável.
A tokenização não é apenas uma tendência, mas também catalisadora de mudanças profundas na forma como entendemos e lidamos com ativos financeiros. Um recente relatório da Swift ilustra a crescente confiança no potencial da tokenização, revelando que 97% dos investidores institucionais acreditam que a tecnologia revolucionará a gestão de ativos.
Tom Zschach, diretor de inovação da Swift, enfatiza a importância da conexão perfeita entre instituições financeiras para desbloquear o potencial máximo da área. Esse é um ponto crítico, já que a integração com todo o ecossistema financeiro é essencial para o sucesso da transição. Jenny Johnson, CEO da Franklin Templeton Investments, destacou durante o Fortune Global Forum, em Abu Dhabi, o alto interesse da empresa na tokenização, vislumbrando um potencial significativo no setor financeiro de maneira mais ampla.
A companhia tem explorado ativamente esse campo, liderando a criação de um mercado monetário tokenizado para otimizar acordos atômicos e maximizar as oportunidades emergentes. O interesse global na tokenização também é evidente na emissão massiva de cerca de US$ 4 bilhões em obrigações tokenizadas nos últimos anos. Instituições oficiais como o Banco Europeu de Investimento, o Banco Central da Tailândia, entidades governamentais em Hong Kong, na Suíça e nos Estados Unidos contribuíram significativamente para esse crescimento, representando mais da metade das emissões.
Aqui, o Drex segue avançando e a nova consulta pública aberta pelo Banco Central (BC) sobre as Vasps também aborda novos caminhos para esse mercado regulamentado. A grande vantagem da tokenização reside na sua capacidade de simplificar a estruturação de ativos, reduzir custos e democratizar o acesso ao investimento por meio da propriedade fracionada. Essa abordagem não apenas cria novas oportunidades para agentes autônomos e outras entidades, mas também oferece um cenário mais inclusivo e eficiente para investidores de todos os portes.
No Brasil, é possível transformar ainda mais esse mercado, aproveitando suas oportunidades e atingir, em 2024, a marca de R$ 2,2 bilhões de ativos tokenizados. Ao tornar a tokenização acessível e eficaz, capacita-se agentes autônomos e outras entidades a transcenderem as barreiras tradicionais rumo a um novo horizonte de possibilidades.
Com a crescente adoção e o apoio de importantes instituições financeiras, a tokenização está pavimentando o caminho para um futuro em que a estruturação de ativos será mais ágil, acessível e lucrativa para todos os envolvidos.
(*) – É CEO da BLOCKBR (www.blockbr.com.br).