Para adultos, acostumados a reunir pessoas queridas em volta da mesa repleta de doces, talvez não faça sentido celebrar um aniversário a distância, mas o ritual é muito importante para os pequenos. A orientadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio Marista Londrina, Ruth Cesar Figueira do Nascimento, conta que um de seus alunos ganhou uma festa de aniversário online, em que cada participante estava em sua própria casa e não reunidos em um único salão como seria a tradição.
De acordo com o pai do estudante, os olhos das crianças brilharam quando se encontraram virtualmente. Em suas palavras, “foi um tempo de muita emoção!”. Com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), o novo normal é ter contato com amigos e familiares somente por meio de ligações e videochamadas. Apesar de a tecnologia ajudar, ainda não é possível sentir o abraço de quem se ama e o afeto que a proximidade traz.
Ruth defende que a interação por meio da tecnologia é muito válida, especialmente para crianças que ainda estão na primeira infância. “Se conectar com familiares, celebrar datas especiais como aniversários e outras tradições da família por meio de videochamadas faz sentido porque ensina às crianças a importância das relações sociais”, explica.
“As crianças tiveram suas interações sociais com parentes, vizinhos, amigos de escola e professoras interrompidas abruptamente, e as relações foram parcialmente suspensas. As datas festejadas a distância servem como um suporte que minimiza os efeitos da ruptura social que elas foram forçadas a viver por conta da pandemia”.
O uso da tecnologia vêm se tornando ainda mais democrático, é comum vermos avós e avôs aprendendo a usar os recursos para conversar com os netos. “A interação entre as diferentes gerações e como elas utilizam os recursos, é algo que pode transmitir uma experiência de um para o outro, e ainda contribuem para diminuir a saudade nesse período de isolamento”, reforça Ruth.
A opinião da orientadora é apoiada por uma pesquisa científica divulgada na Revista de Desenvolvimento Multilíngue e Multicultural em maio, que afirma que é possível estabelecer laços e criar proximidade entre familiares e amigos por meio de videochamadas. Os pesquisadores acompanharam famílias que moram em diferentes países e precisam usar a tecnologia para se manter em contato.
“Nosso estudo contribui com insights sobre como as soluções tecnológicas são usadas para a comunicação cotidiana, a fim de superar a distância em famílias com raízes em diferentes países. A comunicação é afetada pela tecnologia, que cria condições específicas para o surgimento da proximidade”, diz Linnéa Stenliden, conferencista sênior do Departamento de Ciências Comportamentais e Aprendizagem da Universidade de Linköping.
A orientadora explica também que as crianças se ressignificam com as vivências emocionais. “Elas desenvolvem seu sentimento de pertencimento, formam seus valores e constroem o seu “eu”, ou seja, sua identidade por meio dessas interações”. Ela recomenda: festejem com suas crianças, mesmo que online, lançando mão de aplicativos, ou realizando carreatas de amigos, passando em frente ao portão de casa, ou até mesmo em vídeos com mensagens.
Cabe aos pais e responsáveis encher a “caixinha de memória” das crianças com boas recordações desse momento da história que todos nós estamos vivendo. Abusem da criatividade e inundem a mente e o coração das crianças com recordações que ficarão gravadas para sempre”, conclui.
Fonte e mais informações: (www.colegiosmaristas.com.br).
