Medir os impactos de uma fusão ou aquisição (M&A) vai muito além de uma simples avaliação de sucesso ou fracasso. Essas operações complexas podem gerar resultados variados, e entender seus verdadeiros efeitos requer uma abordagem profunda e estratégica.
Independentemente de a transação ter atingido ou não todos os seus objetivos, a análise cuidadosa dos impactos é fundamental para garantir que a empresa esteja caminhando na direção certa. O sucesso de uma M&A não está apenas em números imediatos, mas em como ela transforma a cultura, as operações e a performance ao longo do tempo.
Alexandre Magno, CEO da The Cynefin Co. Brazil e especialista em ambientes complexos, traz uma visão robusta e detalhada sobre como avaliar os efeitos de uma M&A, não apenas com base em resultados financeiros, mas também através de métricas abrangentes que incluem aspectos culturais, operacionais e humanos:
- – Definição de indicadores-chave de impacto (KPIs) – Antes mesmo de a fusão ou aquisição ser concretizada, é fundamental estabelecer os Indicadores-Chave de Impacto (KPIs). Magno destaca que esses indicadores precisam ir além de metas financeiras. Os KPIs devem refletir o desempenho em várias áreas, incluindo a integração organizacional, a adaptação cultural e as sinergias operacionais.
Isso significa que, ao definir KPIs, as empresas devem considerar fatores como a colaboração entre as equipes, a adaptação de processos internos e a eficácia das novas estruturas operacionais. Muitas empresas falham em atingir seus objetivos pós-fusão, destacando a importância de estabelecer métricas bem estruturadas e alinhadas aos objetivos estratégicos a longo prazo.
- – Integração cultural – Um dos aspectos mais complexos e, muitas vezes, negligenciados em uma M&A é a integração cultural. A cultura organizacional exerce um impacto direto na receptividade e engajamento dos colaboradores, dois fatores cruciais para o sucesso. A utilização do modelo Cynefin, desenvolvido por Dave Snowden, para mapear as nuances culturais que surgem nesse processo de integração:
Compreender as nuances culturais ajuda a determinar o grau de alinhamento entre as equipes e a receptividade à nova estrutura. Sem um diagnóstico profundo desse aspecto, é comum que a fusão enfrente resistência interna, levando a problemas de produtividade e ao aumento da rotatividade de funcionários.
- – Sinergias operacionais – As sinergias operacionais são frequentemente vistas como o objetivo principal de uma M&A. No entanto, as sinergias não devem ser medidas uma única vez, logo após a conclusão da fusão. A sinergia é um processo contínuo.
As empresas precisam monitorá-la ao longo do tempo e estar preparadas para ajustar suas expectativas e práticas conforme necessário. Isso é especialmente relevante, uma vez que o ambiente de negócios é dinâmico, e as operações precisam se adaptar constantemente.
- – Sentimento interno e adaptação dos colaboradores – Um dos indicadores mais valiosos para medir o sucesso de uma M&A é o sentimento dos colaboradores. Ele recomenda que as empresas adotem práticas regulares de feedback, ouvindo os funcionários para entender como estão se adaptando ao novo ambiente.
O feedback interno é crucial para medir o sucesso de uma M&A. Saber como os funcionários estão se adaptando ao novo cenário é fundamental para ajustar estratégias. Isso pode ser feito através de pesquisas de clima organizacional e avaliações de engajamento. Empresas que falham em dar atenção ao sentimento interno frequentemente enfrentam quedas de produtividade e descontentamento generalizado, o que pode minar qualquer ganho obtido com a fusão.
- – Revisão frequente do plano de negócios – A última recomendação de Alexandre Magno é que as empresas revisem regularmente o plano de negócios pós-M&A. Ele ressalta que o cenário das fusões e aquisições é dinâmico, e a adaptação é essencial para garantir o sucesso a longo prazo. Reajustar o plano de negócios com base em mudanças no mercado e nas operações ajuda a garantir que os objetivos iniciais se mantenham relevantes.
A capacidade de flexibilidade no planejamento estratégico é crucial para navegar nas incertezas que surgem em processos complexos como fusões e aquisições. Um estudo do Boston Consulting Group aponta que 20% das fusões bem-sucedidas envolvem revisões substanciais do plano estratégico nos primeiros três anos, demonstrando que a adaptabilidade é uma chave importante para o sucesso.
Independentemente de uma fusão ou aquisição ocorrer conforme o planejado ou não, é possível medir seus impactos de maneira eficaz. As empresas podem adotar abordagens práticas que permitam uma avaliação holística do processo. Essa avaliação deve incluir KPIs que vão além do financeiro, uma análise detalhada da integração cultural, o monitoramento contínuo das sinergias operacionais, o sentimento interno dos colaboradores e a revisão frequente do plano de negócios.
Desta forma é possível garantir que as organizações estejam alinhadas com seus objetivos de longo prazo e que construam resiliência para enfrentar desafios futuros. – Fonte e mais informações: (https://www.cynefin.com.br/).