Em um mercado competitivo como o da tecnologia, inovar é preciso para sobreviver. Natália Ferreira, gerente de programas estratégicos na Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), apoia diariamente o desenvolvimento de empreendedores e avalia que o essencial neste processo são as chamadas soft skills: “as competências técnicas tendem a ser mais fáceis de se desenvolver, pois podem ser ensinadas e aprendidas. Já habilidades como comunicação e criatividade, por exemplo, são mais subjetivas”.
No entanto, ela afirma ainda que não há nenhuma habilidade que não possa ser desenvolvida. “Por isso, o autoconhecimento e a dedicação são os principais caminhos para se tornar uma pessoa inovadora”, finaliza. Confira seis características consideradas inovadoras, segundo o Sebrae Nacional e empreendedores do setor de tecnologia:
Visão “fora da caixa” – para empreender, ver além do óbvio é fundamental, se observar o mundo como todos os outros, será apenas mais um na multidão. Jonatan Silas das Costa, CEO e cofundador da Área Central, scale up especialista em gestão de redes associativas e centrais de negócios, diz que saber qual é a necessidade do mercado antes de eles se darem conta disso faz parte da jornada empreendedora.
“O software da Área Central é único no segmento de gestão de redes associativas e centrais de negócios, pensar a frente é o que sempre nos moveu. Prever as demandas dos clientes, mesmo depois de ter um negócio estruturado, é fundamental para continuar inovando no mercado da tecnologia, que está em constante mudança”.
Curiosidade – A curiosidade é um dos motores para quem quer criar novas oportunidades e chegar a resultados diferentes da concorrência. Foi essa característica que fez Piero Contezini, CEO da conta digital Asaas, uma das startups mais inovadoras da América Latina, a começar a programar sozinho aos 12 anos. Aos 18 empreendeu oferecendo tecnologia para melhorar a segurança de sites. O negócio não prosperou, mas ele não desistiu.
Estudou o público-alvo e criou em 2013 o Asaas, uma conta digital voltada a empreendedores com gestão de cobranças. “Analisando acertos e erros, percebemos que a dor dos clientes era a inadimplência. Foram muitas adaptações até chegar ao produto final. Apostamos na curiosidade para nos antecipar ao que os clientes esperam”, conta o CEO.
Bons relacionamentos – Na Era da Informação, as relações interpessoais se tornaram grandes oportunidades estratégicas para os empreendedores, tanto para fechar negócios e contratar fornecedores, quanto para prospectar clientes ou promover a marca da empresa. “Ter uma rede sólida de contatos e um bom relacionamento é essencial para obter sucesso.
As oportunidades de negócio podem ser maximizadas por meio do networking”, comenta Alexandre Souza, gestor do Startup SC. A iniciativa do Sebrae/SC surgiu com o propósito de conectar o ecossistema de tecnologia para o crescimento de ideias inovadoras, oferecendo o programa de capacitação para empreendedores e eventos como o Startup Weekend e o Startup Summit.
Otimização e simplificação – Simplificar e facilitar processos que normalmente são complexos e morosos é uma motivação comum dos empreendedores. Foi esse propósito que deu origem à Recrutei, plataforma de recrutamento e seleção para consultorias de RH, headhunters e pequenas empresas. “Um processo seletivo envolve tantas etapas e análises que pode se tornar um fardo para os recrutadores.
Em um país como o Brasil, com tantos desempregados de um lado e tantas empresas precisando de mão-de-obra do outro, essa complexidade não faz sentido”, diz Paulo Rogério Lazári, cofundador e CEO da startup, criada em 2017 em Uberlândia. “Enxergamos espaço para inovar nessa área, dando eficiência ao trabalho desses profissionais”
Liderança – Liderar é uma tarefa difícil, mas essencial para criar um ambiente de trabalho produtivo e colaborativo. “Não existe uma fórmula de sucesso. Cada organização tem regras, desafios e objetivos próprios”, avalia o fundador e CEO do DOT digital group, Luiz Alberto Ferla. Há 24 anos, quando o embrião da sua empresa de educação digital surgiu, durante seu mestrado na UFSC, ele colocou em prática sua crença de que o empreendedor é um conjunto de suas iniciativas, mais que um traço de personalidade. “Ele deve atuar como um coaching. Trazer as melhores práticas do mercado para o time e perceber o melhor de cada um”, diz. Hoje, a empresa tem mais de 300 colaboradores e já capacitou 8 milhões de pessoas.
Capacidade de resolver problemas – Saber resolver problemas é um diferencial importante num mercado de alta concorrência e com escassez de profissionais com essa qualidade. A característica é determinante para o sucesso de Daiane Andognini e Liandra Resner, CEO e COO da Hug, consultoria que ajuda CEOs de empresas de tecnologia na gestão de pessoas, um dos principais gaps das startups em ascensão.
“A capacidade de resolver problemas começa por entender as dores da empresa e passa pela coragem de enfrentá-los, desenvolvendo estratégias para isso. Nós entendemos a dor real do cliente e não descansamos até resolvê-la, porque acreditamos ser uma dor nossa também”, aponta a CEO da Hug, Daiane Andognini. (Texto: AI/Júlia Mallmann).