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Empresas devem reposicionar cadeias de suprimentos, aponta pesquisa

em Destaques
segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Eventos globais como a pandemia, o aumento de protecionismo, a guerra na Ucrânia e a inflação global estão afetando as cadeias de suprimento (supply chains) do mundo todo. Os modelos tradicionais podem não ser mais adequados nos próximos anos e, por isso, as empresas precisam reimaginar e transformar seus processos caso queiram se manter competitivas.

De acordo com a “EY Industrial Supply Chain Survey”, muitas companhias já estão realizando ou planejando ações significativas em resposta ao ambiente desafiador, incluindo desacoplar as cadeias de suprimentos existentes e reposicionar instalações de produção e fornecedores mais próximos dos clientes.

Segundo a Organização Mundial do Comércio, o volume global de comércio de mercadorias ultrapassou US$ 22 trilhões em 2021, o que representou um aumento de mais de dez vezes em relação a 1980. A expansão das cadeias de suprimentos globais alimentou essa explosão, juntamente com desenvolvimentos geopolíticos que abriram mercados e fontes de suprimento.

As empresas reprojetaram suas cadeias de suprimentos para adicionar locais de produção e fornecedores no México, Romênia, China, Vietnã e outros países que oferecem custos mais baixos de produção. Essas táticas provaram ser extremamente econômicas, mas apresentam desafios: a complexidade e a distância física combinadas com inovações – como gerenciamento de estoque just-in-time – deixaram as cadeias de suprimentos globais mais vulneráveis a interrupções externas.

Mais de dois anos depois, a pandemia continua a prejudicar as cadeias de suprimentos globais. Quase metade dos entrevistados da pesquisa sofreu interrupções devido a atrasos relacionados à logística (45%) e escassez ou atrasos de insumos de produção (48%). Mais da metade (56%) enfrentou interrupções devido a aumentos de preços de insumos de produção.

Além da pandemia, as cadeias de suprimentos globais enfrentam riscos de políticas governamentais que incentivam as indústrias domésticas e impedem bens e fluxos de capital transfronteiriços. As definições de indústrias e tecnologias nacionalmente sensíveis também foram expandidas em vários países, aumentando os limites ao investimento estrangeiro direto.

Cerca de 25% dos entrevistados disseram que as operações ou cadeias de suprimentos de suas empresas foram significativamente interrompidas nos últimos 24 meses por novas tarifas ou outras regulamentações ou restrições comerciais impostas pelo governo, mantendo a pressão sobre as empresas para otimizar os locais de suas operações e fornecedores.

Isso significa, cada vez mais, uma mudança para mais perto de casa, combinando com os benefícios crescentes de cadeias de suprimentos reduzidas em meio aos emaranhados logísticos da pandemia.

O conflito na Ucrânia teve implicações diretas para as cadeias de suprimentos globais: aumento dos custos de energia e matérias-primas, indústria regional devastada, aumento do medo de ataques cibernéticos e maior complexidade operacional à medida que as empresas lidam com novas sanções e maior escrutínio das relações comerciais existentes.

Indiretamente, medidas políticas implementadas contra a Rússia e o potencial de sanções secundárias contra países que mantêm relações (por exemplo, China ou Índia) podem levar os países a inocular a si mesmos e suas indústrias domésticas contra medidas semelhantes, dissociando seletivamente sua oferta existente.

Da mesma forma, empresas estrangeiras com operações ou fornecedores nesses países devem se engajar em um planejamento de contingência que considere a perda repentina e potencialmente prolongada desses ativos ou relacionamentos.

Durante anos, os salários em alguns países de baixo custo têm aumentado mais rapidamente do que em outras regiões. Em 2020, as indústrias experimentaram um aumento crescente dos custos de mão de obra em lugares como a China, em comparação com mudanças mais modestas na Europa e nos Estados Unidos.

Os resultados da “EY Industrial Supply Chain Survey” demonstram que a dissociação das cadeias de suprimentos existentes está em andamento: 53% dos entrevistados já aproximaram ou recolocaram algumas de suas operações nos últimos 24 meses, e 44% afirmam que estão planejando atividades novas ou adicionais nos próximos dois anos.

Para aumentar a diversidade geográfica e reduzir o risco, 57% dizem ter estabelecido novas operações (ou seja, não realocadas) em um ou mais países adicionais nos últimos 24 meses e 53% planejam fazê-lo nos próximos 24 meses.

As mudanças nas bases de fornecedores são ainda mais prevalentes: 62% dos entrevistados afirmam que suas empresas fizeram mudanças significativas nessa área nos últimos 24 meses e 55% estão planejando mudanças significativas nos próximos 24 meses. Para essas empresas, maior diversificação e proximidade com seus clientes são os principais resultados.

Os entrevistados também afirmaram que estão aumentando o número total de fornecedores (77%) e o número de países em que têm fornecedores (63%). – Fonte: (Agência EY).