Rica Mello (*)
O estabelecimento de lideranças femininas nas empresas ainda encontra algumas dificuldades. Mas esses empecilhos devem ser superados para que uma organização torne-se referência quando pensamos em diversidade e ofereça um tratamento igualitário entre homens e mulheres.
Acredito que existem algumas habilidades que são mais proeminentes nas mulheres do que nos homens, até mesmo pela vida e pelas atribuições que elas têm, como o fato de ter que lidar com diversos problemas ou situações ao mesmo tempo. O ideal é utilizar essas habilidades da melhor forma possível dentro das empresas. Separei algumas habilidades encontradas mais comumente nas mulheres:
• Capacidade de se dividir em diversos assuntos e ser multitarefas;
• Empatia e atenção ao ouvir as pessoas;
• Exercer lideranças mais focadas na valorização do colaborador, promovendo uma cultura corporativa mais forte e engajadora;
• Promover uma gestão mais horizontal, que é uma forte tendência entre as empresas atuais;
• Ter menor resistência às mudanças, o que ajuda na inovação da empresa;
• Melhor construção de relacionamentos interpessoais;
• As funcionárias que se tornam mães têm um melhor desenvolvimento de habilidades importantes para um desempenho profissional, como gestão de tempo, organização e administração do trabalho em equipe.
Não acredito que as pessoas devam ser boas em tudo. Prefiro alguém que se destaque muito em uma, duas ou três características, permitindo que o gestor explore os ativos dessa pessoa no trabalho. Como as mulheres têm algumas habilidades que são mais notórias, a ideia é dar espaço para que isso aconteça e aplicar essas habilidades no dia a dia.
Quando se tornam mães, as mulheres dedicam um tempo muito maior à maternidade do que os homens, não só em cuidar dos filhos, mas elas têm um cuidado maior com a casa, com a babá, com os familiares e com as doenças das crianças. Isso não quer dizer que os homens também não façam isso, mas as mulheres fazem mais. Logo, as empresas que querem contar com essas habilidades, devem ter um olhar diferente em relação à carreira delas.
Nesse sentido, a empatia é fundamental, tendo em vista que durante o período de maternidade a dedicação ao trabalho pode ser um pouco menor. A empresa precisa entender e auxiliar essa nova vida da colaboradora, seja com uma mentoria ou uma progressão de carreira que ajude essas mulheres a continuarem crescendo mesmo que elas tenham que se dedicar menos ao trabalho em determinado momento.
Existem alguns conceitos para contratar e reter os talentos femininos em uma empresa:
• Oferecer mais opções de desenvolvimento para a liderança feminina;
• Adaptar-se às necessidades femininas, como flexibilidade de horário para que elas consigam lidar com demandas fora do trabalho;
• Oferecer possibilidades de apoio, como creches no local de trabalho, driblando essa dificuldade comum entre as mulheres;
• Quebrar estereótipos e incentivar as mulheres a assumirem cargos que são majoritariamente associados aos homens;
• Enxergar a carreira das mulheres de maneira diferente, em coerência com o momento de vida que elas estão passando;
• Propor cargos que valorizem as competências e habilidades das colaboradoras;
• Criar espaços seguros, sem tolerância para assédio moral e sexual.
Acredito que essa flexibilidade para cuidar dos filhos em eventuais necessidades deve se aplicar aos homens também. Se essa responsabilidade sempre recai sobre as mulheres, elas ficam sobrecarregadas com as tarefas domésticas e do trabalho. Alguns países oferecem 18 meses de licença maternidade e esse período pode ser quebrado entre o pai e a mãe da forma que eles quiserem.
A mãe pode conseguir até 12 meses e o marido seis e vice-versa. Isso é ótimo e fornece a possibilidade de fazer um melhor arranjo familiar, garantindo o direito a essa progressão de carreira mais igualitária.
(*) – É empreendedor serial e está à frente de negócios em diversos segmentos como indústria, distribuição, importação, varejo, e-commerce e educação (https://ricamello.com.br/).