A pauta ESG está ganhando cada vez mais espaço no planejamento estratégico das empresas brasileiras. De acordo com um levantamento feito pela consultoria Grant Thornton em 2021, a prioridade para os investimentos nessa área por parte dessas companhias é o pilar ambiental (47%), seguido pelo social (29%) e o de governança (16%).
No segundo pilar, que recebe grande atenção por parte das empresas do mundo corporativo, uma boa parte delas busca colocar em prática ações voltadas para a educação, tendo em vista que, assim, suas ações irão atacar uma das principais raízes da desigualdade social. Algumas comunidades de São Paulo já contam com diversas iniciativas dentro dessa linha.
Paraisópolis, segunda maior comunidade da cidade de São Paulo e quinta no ranking brasileiro, é uma delas. Com grande índice de pessoas em situação de vulnerabilidade social, tem um contingente significativo de jovens entre 15 e 29 anos que, segundo dados da Rede Nossa São Paulo, representa 31% da população total da região, o que a torna um local bastante procurado por empresas e entidades em busca de facilitar o acesso desse público a uma formação educacional de qualidade.
Uma delas é a escola Alef Peretz que mantém uma unidade de ensino no bairro de Paraisópolis com a mesma estrutura e qualidade de alto padrão oferecida na sua unidade principal no Jardim Paulistano, em São Paulo. A escola possui um centro de relacionamento que busca frequentes conexões e parcerias para impactar de maneira ainda mais positiva a carreira desses jovens. Prova disso é que cerca de 70% dos jovens formados pelo Alef Peretz, em Paraisópolis, entram em Universidades públicas ou particulares.
Um exemplo de incentivo na carreira destes jovens é a parceria da escola com a EXEC, principal consultoria brasileira na seleção e desenvolvimento de executivos, que estava em busca de possíveis ações de impacto social nas quais pudessem trabalhar o seu capital intelectual. Nesse projeto, a EXEC selecionou 17 ex-alunos da escola que ingressaram na faculdade e os incluiu em um programa de mentoria de carreira.
Ao longo de 2022, uma equipe de consultores da EXEC mentorou os jovens com o intuito orientar os estudantes em início de carreira na gestão das suas vidas profissionais tendo em vista o seu ingresso no mercado de trabalho. O programa consiste em quatro sessões de mentoria desenvolvidas ao longo de 4 meses.
A primeira fase é de conhecimento mútuo e entendimento do cenário, através de uma entrevista por competências; a segunda fase inclui um feedback dado pelo mentor, que contribui para o aumento da autopercepção do aluno em relação ao seu perfil, potencial e pontos de desenvolvimento. A partir daí, dá-se início a um direcionamento de carreira que passa aspirações e desejos do mentee, o que o mercado oferece e onde o seu perfil poderia ser melhor aproveitado.
Já na terceira sessão, o programa apresenta as diferentes ferramentas de entrada de mercado como Linkedin e currículo, além de dicas para montar bons materiais e ser mais atrativo para os recrutadores e como se comportar dentro do contexto corporativo.
“Nessa fase também explicamos mais sobre as estruturas organizacionais encontradas dentro das empresas, quais são os setores da economia e entendendo os objetivos do aluno, eles fazem de lição de casa uma lista das empresas potenciais dentro da região de atuação pretendida por ele”, explica Karina Pennella, Headhunter da EXEC e participante do comitê ESG da empresa. Por fim, o programa é encerrado com um encontro de conclusão, revisando tudo que foi aprendido em conjunto e a partir dessas experiências, é produzido um relatório individual sobre cada mentee para ser entregue ao mercado.
A EXEC pretende concluir essa primeira edição no final do ano, entregando uma análise completa e um relatório individual de cada aluno ao mercado de trabalho. “Esse foi apenas o primeiro passo de muitos que ainda daremos nessa direção de abrir portas para jovens que precisam de ferramentas e mais apoio para construírem uma carreira de sucesso”, conclui Cadu Altona, sócio da EXEC.
Cada estudante mentorado possui uma realidade e caminho a seguir e o projeto buscou orientar os jovens para conhecerem as principais áreas de atuação de cada curso. Discutiu-se os próximos passos na carreira como as escolhas de áreas de atuação, fazendo um paralelo com o perfil de cada aluno, além de auxiliar na elaboração de currículo, orientação para entrevistas de emprego, entre outros aspectos.
Esse trabalho é feito por meio de mentoria com atendimento individual, sendo um mentor para cada aluno, que participa de até quatro sessões com consultores. Para Karina, a intenção é encurtar o caminho de jovens que entraram na faculdade, mas carecem de perspectivas. “Nossos mentorados saem preparados com a visão sobre quais os melhores caminhos a seguir, quais áreas de atuação que o curso escolhido pode proporcionar, além das expectativas das empresas sobre o que esperam desses novos profissionais”.
De acordo com Cadu, no final do ano passado o projeto nasceu de um movimento de revisar e atualizar seu próprio propósito, que é impactar líderes para transformar o mundo. “A partir disso, percebemos a necessidade de multiplicar nossas ações ligadas à diversidade, equidade e inclusão, bem como ampliar o impacto das ações já existentes. E, com isso, criamos um comitê ESG”.
Segundo Altona, dentro dessa jornada, a EXEC concebeu novas soluções como um ‘Assessment do líder Inclusivo’, conteúdos de letramento sobre o tema de DE&I, e alterou programas já existentes. “Por meio de pesquisas internas, detectamos nosso interesse em um impacto social maior e criamos esse projeto piloto de mentoria para jovens com menos acesso às oportunidades. Usamos todo o nosso conhecimento para direcioná-los melhor para o mercado de trabalho, almejando colaborar para transformar o seu futuro”.
O estudante Igor Silva, de 24 anos, viveu sua vida toda no Morro da Peinha ao lado do Paraisópolis e fez o ensino médio no Alef Peretz. Ele escolheu a área ambiental para trilhar seu caminho profissional: “Eu sempre morei em frente ao Rio Pinheiros e o estado de degradação que ele se encontrava sempre mexeu comigo”, conta. Ao terminar o ensino médio na escola Alef , Igor ingressou na Universidade Federal do Pampa, em Caçapava do Sul (RS), no curso de engenharia ambiental, motivado justamente por aquelas imagens que marcaram a sua vida.
Inicialmente, a ideia do estudante era exclusivamente trabalhar com tratamento de água e esgoto, mas, por meio da mentoria de carreira recebida pelo time da EXEC, encontrou o caminho do licenciamento ambiental como uma oportunidade promissora de carreira e que ainda assim lhe daria a oportunidade de causar um impacto social. “A minha mentora me fez perceber que a área de terceirização de licenciamento é algo mais simples, que me permite trabalhar em qualquer canto do país”, comenta.
Já Gabrielle Silva, de 24 anos, também ex aluna escola Alef,estava há dois anos trabalhando na rede de supermercados ST Marche e, insatisfeita com a função que desempenhava, como caixa de uma das lojas da varejista, conseguiu através da mentoria um reposicionamento dentro da empresa. “Após a mentoria com a EXEC eu percebi que estava em uma empresa grande que poderia me dar oportunidades de crescimento profissional. Esse aconselhamento abriu a minha cabeça e mudei até a minha escolha de curso de graduação que pretendo fazer”, expõe.
Em pouco tempo, Gabrielle mudou de área dentro da loja, saindo da ponta final do ciclo de compra e indo para a área de prevenção de perdas. Com isso, o objetivo de fazer a faculdade de Relações Internacionais foi substituído pelo curso de Administração. “Os mentores me fizeram enxergar que a opção de Relações Internacionais não seria a mais adequada para que eu ingressasse rapidamente no mercado de trabalho. Já a Administração me permitirá crescer mais rápido e pode me abrir muitas portas”, finaliza. – Fonte e outras informações: (https://www.exec.com.br/).