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Educação financeira significa mais oportunidades

em Destaques
terça-feira, 17 de novembro de 2020

Jorge Castellar (*)

Um artigo publicado recentemente pelo jornal britânico The Guardian explica que os family offices (centros que administram investimentos das famílias das pessoas mais ricas do mundo, como Jeff Bezos ou Bill Gates) tiveram este ano um aumento da fortuna.

Mesmo em tempos de pandemia, quando as economias globais sofrem declínios históricos, 93 dos 121 family offices cumpriram ou superaram suas metas financeiras em 2020, de acordo com o relatório. Como se explica que em meses tão turbulentos os mais ricos conseguem resistir à tempestade e até mesmo fazer com que seu rendimento de capital seja maior do que o esperado?

A pergunta tem mais de uma resposta. Logicamente, os chamados “super-ricos” possuem ampla rede de contatos, proximidade a diferentes círculos de poder e acesso a informações confidenciais inatingíveis para a maioria da população mundial. Em segundo lugar, sua experiência de investimento dota-os de uma habilidade singular para detectar oportunidades e riscos com um grande faro.

Por fim, a educação financeira, a capacidade de olhar a longo prazo e ter grande suporte para assumir riscos são outros fatores que influenciam os bilionários a proteger seus ativos contra contextos de grande adversidade. E é claro que há também muito trabalho, esforço, perseverança, planejamento e talento, porque o dinheiro só é preservado por quem sabe cuidar dele.

Em contraste, as famílias pobres são as mais afetadas pela Covid-19, em termos econômicos, porque apesar dos programas de assistência que um Estado pode oferecer, o impacto é sentido na queda do consumo, aumento do desemprego, elevação da pobreza e falta de economia para sobreviver em um ano tão difícil.

O contraste é doloroso: assim como os bilionários têm mais acesso a oportunidades de investimento à medida que sua riqueza aumenta, a equação é inversamente proporcional nas faixas mais baixas: quanto menor o poder de compra, menos acesso a essas oportunidades. Nesse contexto, o acesso à educação financeira e a novas oportunidades é justamente um caminho que abre novos horizontes para grande parte da população.

Temos também a classe média, que dispõe de poucos ou nenhum instrumento para proteger suas reservas frente a cenários de incertezas. No entanto, as perspectivas não são totalmente sombrias. A tecnologia está quebrando cada vez mais fronteiras e criando novas oportunidades de investimento para quem tem economias.

O mercado imobiliário, por exemplo, deixou de ser um espaço restrito a pessoas com alto poder aquisitivo. Na modalidade de crowdfunding, a barreira de acesso baixou bastante e iniciou-se um processo de democratização sem precedentes. Hoje é possível encontrar oportunidades de investimento tanto no Brasil como em qualquer lugar do mundo a apenas um clique de distância, sem ter que arcar com os custos de viagens, manutenção de imóveis e lidar com inquilinos, por exemplo.

Essa mudança, embora ainda incipiente e progressiva, pode ser o pontapé inicial para que mais pessoas olhem tanto dentro quanto fora das fronteiras de seu país. O caso do crowdfunding é a ponta de um grande iceberg: as tecnologias nos aproximam cada vez mais, enquanto novas alternativas, como a exportação de serviços e a economia do conhecimento ganham força.

Basta ver a ascensão do teletrabalho para entender que as distâncias geográficas, sejam elas de 20 ou 10 mil quilômetros, não necessariamente têm que ser um obstáculo ao crescimento. Nesse contexto, não é por acaso que 90% dos bilionários do mundo ganham dinheiro com investimentos imobiliários, segundo pesquisa divulgada este ano pelo site The College Investor.

Um dos motivos pelos quais esse tipo de investimento é tão popular é que ele pode gerar retornos previsíveis e seguros. Esses investidores procuram os locais mais lucrativos do mundo, algo que pode ser inacessível para a maioria das pessoas. Da mesma forma, o crowdfunding imobiliário nos permite participar do mercado internacional, criar um portfólio globalmente diversificado e com custos administrativos significativamente menores.

Quanto maior o acesso à educação financeira, mais oportunidades as pessoas têm. Portanto, é importante ensinar a economizar, como criar, cuidar e fazer seu capital funcionar, a fim de cada indivíduo adquirir a confiança e liberdade suficiente para administrar seus recursos de maneira inteligente.

É um longo caminho e as mudanças tecnológicas estão apenas começando, mas espero que sejam o início de uma nova era para o Brasil e para o mundo.

(*) – É diretor global de Vendas da Bricksave (https://www.bricksave.com/pt/).