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Do turismo espacial às jornadas dos clientes: as viagens de 2021 traçam os roteiros futuros

em Destaques
quarta-feira, 02 de março de 2022

Cristovão Wanderley (*)

O ano de 2021 foi intenso! Depois de encararmos quase dois anos em uma situação que nem o maior dos pessimistas poderia imaginar, passamos os últimos meses vivendo processos graduais de retomada, mais lentos do que o esperado. Não sei você, mas eu estou vivendo uma mistura de sentimentos: esperança — pautada no avanço da vacinação – e receio – “será que esse avanço é suficiente ou corremos o risco de voltarmos à estaca zero?”.

Esses dois pontos, quase ambíguos, acabam por traduzir, também, a relação mais intensa que estamos vivendo com a tecnologia desde o início da crise sanitária global, cujo fim ainda é incerto. Agora, o que esperar do futuro e como construir novas estratégias com base nas lições que aprendemos ou não aprendemos? Aproveitando este tradicional momento de reflexão, resolvi compartilhar com você alguns dos meus pontos de vista.

O que o ano de 2021 nos ensinou?:

a.) – A enxergar o tempo de outra forma – Se fizéssemos uma retrospectiva rápida, a maioria das situações que vivemos em 2021 esteve relacionada com (re)aprendizados. Afinal, fomos obrigados a buscar novas maneiras de trabalhar, viver, consumir, nos divertir, interagir com os outros e valorizar o tempo

b.) – Que o espaço é logo ali (para quem “pode”) –Também vimos a “retomada” da Corrida Espacial, com Richard Branson (Grupo Virgin), Jeff Bezos (Amazon) e Elon Musk (Tesla) teoricamente disputando palmo a palmo em suas naves e foguetes quem é pioneiro em explorar o universo, mas, na verdade, criando uma “cortina de fumaça”.

Claro que para acobertar seus reais interesses que estão muito além da vaidade pessoal: quem acompanha a trajetória dos três sabe que basta ver as cifras dos contratos e acordos assinados com empresas, como a Nasa, para os próximos anos para entender o que aponto aqui, porém esse assunto merece um texto só dele.

c.) – A prestar atenção ao já tão falado “metaverso” – Presenciamos o momento em que o Facebook decidiu mudar o nome da empresa para META, prometendo uma nova realidade capaz de quebrar a barreira do computador ou celular e permitir às pessoas interagirem em um mundo paralelo, no qual virtual e real se misturam. Essa temática estará diretamente ligada a alguns outros pontos que comento a seguir, como o 5G e, principalmente, o NFT.

d.) – A refletir sobre quem serão os protagonistas de nossas vidas de agora em diante – Historicamente, sempre que a humanidade vivencia um salto de conhecimento e técnica, em paralelo às “coisas boas” surgem situações negativas, como a divulgação desenfreada de desinformação.

As notícias falsas, a exposição e o uso de dados descontrolados, os cibercrimes e outros temas correlatos passaram a fazer parte de nossas vidas como personagens principais e 2021 nos mostrou que eles não podem nem serão deixados em segundo plano nos próximos tempos. Pelo contrário: esses temas serão cada vez mais dominantes e menos coadjuvantes.

E mais! A gente até aprendeu a analisar as evoluções das inovações sob diferentes perspectivas… Por que falo sobre evoluções? Porque a maioria dos temas que trago não são necessariamente novidades, mas estão encontrando oportunidades de serem verdadeiramente viabilizados.

Reconhecimento Facial, pagamento por aproximação, pix e muitas outras modernidades agora são capazes de revolucionar experiências de usuários e, por consequência, impactam diretamente o crescimento exponencial da quantidade de pessoas navegando em ambientes digitais.

Além de tudo, nos levam a ponderar: quanto mais usuários e mais tecnologia, maior deve ser a nossa preocupação com a exposição de dados. Se uma ferramenta expõe seu rosto, seus hábitos e todo tipo de informação sobre a sua vida, como usá-la com segurança? Escrevi mais sobre esse tema, se quiser ler deixo o link! 🙂

2021 também foi o ano das siglas:

  • BTC abrevia originalmente “bitcoin”, a moeda virtual, mas tem sido usada para todas as outras criptomoedas, alguns dos investimentos mais procurados e estudados no último ano, apesar dos rendimentos oscilantes e, em diversos momentos, perigosamente altos.
  • NFT é acrônimo para Non-fungible token ou token não fungível, outra grande tendência do mercado financeiro, que, entre outras coisas, vai impactar muito o Metaverso. Pode ter certeza!
  • LGPD uma sigla mais importante do que nunca, definidora da Lei Geral de Proteção de Dados, que terá sanções e punições cada vez mais colocadas em prática ao redor de todo o país.

Quais outras letras que marcaram o seu cotidiano vêm à cabeça agora? Aposto que você consegue pensar em pelo menos uma outra sigla além das mencionadas! Não a ignore: deu pra perceber que ela poderá ser importante no decorrer da vida. E muito! Ufa.

No meio de tudo isso, o que esperar para a frente? – Em primeiro lugar, tenha certeza de que nada será como antes no relacionamento entre seres humanos e tecnologia. Depois, entenda que o melhor a fazer é construir uma nova perspectiva desse vínculo, preferencialmente baseada em humanização. Ao desenvolver um projeto, pergunte-se sempre como balancear o uso de tecnologia e da inovação para deixá-lo personalizado e não robotizado. A resposta para esse questionamento será o direcionamento do seu trabalho. Saiba que:

  • Inteligência Artificial (pensando no sentido amplo do termo) e Machine Learning vão romper barreiras na interação com o cliente e na captação dos dados que ficam disponíveis durante a jornada de cada consumidor.
  • A Inteligência Artificial Generativa responderá por 10% de todas as informações produzidas no mercado nos próximos anos, segundo o Gartner, então vale ficar de olho e entender como ela funciona.
  • O 5G está chegando! O leilão que marca seu “pouso” em terras brasileiras aconteceu e confirmou expectativas, arrecadando quase R$ 50 bilhões. A perspectiva realista é que essa tecnologia esteja disponível no Brasil dentro de 2-4 anos, mas um edital aprovado pela Anatel diz que o 5G deve funcionar nas 26 capitais nacionais e no DF já em julho. Resta esperar para ver.
  • CX e UX viraram Total Experience,um conjunto de estratégias voltadas ao fornecimento de experiências completas tanto para colaboradores quanto para consumidores. Algo que era tendência na virada anterior e agora se torna imperativo: de acordo com o “Trends Shaping the Future of Digital Business”, feito também pelo Gartner, em 2026, 60% das grandes empresas usarão a experiência total para tornar as pessoas que consumirem e venderem com maior desempenho defensoras das suas marcas.
  • CX + UX = Total Experience – Isso só prova que os assuntos estão sempre hiperconectados. Parece contraditório, só que não é: a tecnologia abriu portas para que tornássemos nossas relações mais humanas e essas portas, de maneira alguma, serão fechadas num futuro próximo. A partir de 2022, cuidaremos mais uns dos outros também em ambientes virtuais e poderemos monitorar o comportamento nas redes sociais em prol do aumento da cibersegurança dos usuários.

Além disso, teremos empresas verdadeiramente interessadas nos impactos do uso e da proteção dos dados e, com base neles, capazes de inserir o cliente no centro da estratégia de vendas. Sempre usando tecnologia como aliada importante para garantir um relacionamento personalizado.

Essa nova fase será sustentada por Inteligência Artificial, monitoramento da jornada de compras, segurança digital, agilidade e estabilidade na experiência on-line, conexão entre diferentes canais de conteúdo e interações dos mais diversos tipos. Além de múltiplas possibilidades de pagamento.

Estou ansioso para acompanhar de perto essa evolução. E você? – Enquanto esperamos, podemos fazer a nossa parte, estudando e acompanhando as tendências de mercado, aproveito para recomendar um e-book que pode servir como guia para você! Lembra da história lá do início do texto sobre valorizarmos mais o nosso tempo? A hora é agora! Mesmo não sabendo como será o futuro, podemos nos preparar para ele, não acha?

(*) – Sócio-diretor da Stratlab e Especialista em Tecnologia e Dados (https://stratlab.com.br/).