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Do produto à startup: quando a solução se torna negócio

em Destaques
quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Do latim Innovatio.onis, a palavra inovação pode ser entendida como “aquilo que é novo”. Logo, pensar em soluções diferenciadas, atrativas, autossuficientes e escaláveis são os pré-requisitos básicos para que as startups se tornem negócios lucrativos e interessantes para o mercado. É por isso, inclusive, que esse ecossistema tem experienciado um boom nos últimos três anos.

De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em 2017 haviam mais de cinco mil iniciativas desse tipo. Hoje, o número mais que dobrou, atingindo a marca de 13.130 startups. Os motivos para essa crescente são vários, mas um que tem ganhado destaque é justamente o fato de que muitas empresas de tecnologia estão desenvolvendo soluções em seus portfólios que acabam se tornando mais fortes que outros produtos da empresa, e por isso, “recalculam a rota” e se transformam em startups.

Um exemplo disso é a Simon, startup que oferece plataforma digital de Inteligência Artificial para as Operações de TI (AIOPS), Autonomous Business Analytics e Machine learning, mapeando, correlacionando e automatizando ações, com o intuito de otimizar a performance de negócios e sistemas online. O negócio, pioneiro com esse tipo de tecnologia, surgiu como um desmembramento da 65A, empresa do Distrito Federal que oferece soluções tecnológicas para empresas.

“Decidimos transformar o produto em uma startup depois que entendemos que a solução em si tem um potencial de crescimento absurdo, impulsionado não apenas pela própria tecnologia, mas também por resolver vários problemas em um lugar só. Nunca existiu algo assim no Brasil”, explica Diego Tessarollo, CEO e cofundador da iniciativa.

Com pouco mais de um ano de atuação, a Simon já fatura uma média de R$ 2,4 milhões por ano, R$200 mil por mês e tem em seu portfólio parcerias com gigantes de tecnologia, como NVIDIA, Microsoft e AWS. Para 2020, a empresa se prepara para os próximos passos do negócio, com planos de expansão para diversos estados do Brasil, com o objetivo de aumentar o alcance de investidores, parceiros e clientes. A expectativa é fechar o ano com um crescimento de 100% da empresa.

Outro case de sucesso é a Incentivar.io, primeira IncentiveTech da América Latina. A startup surgiu a partir de um reposicionamento de marca da Askme, uma das maiores agências de Live Marketing e Incentivo do país, após seu software ganhar corpo próprio e tomar a frente da empresa entre 2017 e 2019. Com o avanço da tecnologia, foi possível criar um modelo mais intuitivo, simples e acessível de software, resultando em um salto de 930 usuários na plataforma para mais de 18.400, representando um crescimento de 1881% em apenas um ano.

Além disso, a Incentivar também registrou crescimento de 3050% no número de campanhas de ativas e de 2552% em resgates de prêmios entre maio de 2019 e junho de 2020. “Queríamos democratizar o marketing de incentivo, levar nosso conhecimento ao maior número de pessoas e, ao mesmo tempo, melhorar nossa entrega.

Só tinha um jeito de fazer isso: criando um software que pudesse ser usado por milhares de empresas para mudar a vida de milhões de colaboradores e foi nesse momento que lançamos a Incentivar. Nosso grande diferencial tem sido justamente respirar em uma atmosfera onde a nossa expertise se transforma em um produto tecnológico e inovador”, explica Rodolfo Carvalho, CEO da Incentivar.

Atuando como foodtech desde 2016, o GrandChef também nasceu a partir de um software homônimo, desenvolvido por Francimar Alves, mas que foi estruturada por Geison Correa e Keller Gonçalves em formato de negócio por entenderem que restaurantes, pizzarias, hamburguerias, lanchonetes e estabelecimentos alimentícios tinham certas demandas não atendidas pelo que havia no mercado.

“Como temos empresas de alimentação e sabemos quais os desafios, refizemos o sistema, e relançamos o GrandChef 2.0 com novas soluções, indo além do desktop”, pontua Geison, atual CEO da empresa. Em quatro anos, o GrandChef atende quase 3 mil pequenos estabelecimentos do foodservice, oferecendo tecnologia completa para bares e restaurantes estejam mais atualizados digitalmente, com pagamentos e cardápio digital via QR Code, integração mesa-balcão-estoque, gestão web, monitor de preparo, emissão de NFC-E, entre outras funções.

“Saímos de um produto offline e, atualmente, oferecemos uma gama de soluções digitais em nuvem para que os microempresários do setor possam oferecer o melhor em produtos e serviços, na gestão e na troca com o cliente”, lembra Correa.

Já a Congresse.me, primeira e maior plataforma de congressos online do Brasil, surgiu em 2019 a partir da realização de um congresso 100% online, o CONEP – Congresso Online de Engenharia de Produção, que era realizado de maneira tradicional. A partir disso, a ideia da criação de uma plataforma para eventos 100% online que tivesse todas as ferramentas necessárias reunidas e de forma integrada onde o organizador pudesse focar apenas no conteúdo e seu público, saiu do papel.

De acordo com Luiz Gustavo Borges, CEO da Congresse.me, a necessidade de trazer para o ambiente online os eventos e congressos durante a pandemia fez com que, em pouco tempo, a empresa registrasse um crescimento expressivo e acelerasse o processo de atração de novos investidores Investidores.vc, e da Gávea Angels.

“Além de já atuarmos desde o ano passado desenvolvendo eventos de natureza digital, notamos que cada vez mais as corporações têm buscado organizar e transformar os eventos presenciais em online, e isso tende a se consolidar nos próximos anos, com o sucesso dos eventos que já deram início a esse movimento. Por meio da nossa tecnologia, conseguimos reduzir as despesas de um evento físico em mais de 90%, gerando mais oportunidades de realizações. Somente nos quatro primeiros meses de 2020 já ultrapassamos os números conquistados em 2019 e em agosto, já superamos a marca de 800 mil inscrições”, comenta.